domingo, 30 de setembro de 2012

Um rumo e um verso

Um murro na boca liberta muitas coisas mas não vale escrever porque machuca o cara disse que os meninos estavam com ele pois eu já tinha visto eles em ação tentando um molinho do outro lado do gilberto e agora enquanto eu perguntava um deles olhava através de um binóculo revestido de porcelana provavelmente uma peça de mais de cem anos o mais sujinho com olho operado e o outro ciganito queimado de sol e marcado por cicatrizes vi quando ele tocou nos lábios com dois dedos da mão esquerda parando antes da escada querendo voltar e esbarrando na barreira do meu olhar prepararam um casinha de tapete para um senhor de bengala que disse que se caísse iria pro saco por já ter 87 anos e estar acompanhado por neto que não deu muita atenção talvez por estar acostumado com os gestos do vovô ele me responde um sim eles colocaram o tapete para eles mas foi sem querer e ainda chama o rapaz para comprar uma das suas bugigangas que ele falou trazer do rio e pagar 700 para expor no chão acabou nos vendendo por 20 uma edição rara de dobraduras de papeis japoneses -_HAPPY ORIGAMI_1960- além de ser uma maneira simples de fazer livro e ficar bom de pegar pra ler suas máquinas fotográficas antigas foram meu motivo de parar e puxar conversa enquanto ele ainda montava seu chão de barraco coisas não só velhas como também viajadas e esfoladas umas nas outras tomou chuva poeira sol foram mijadas gritavam aos passantes me leve objetos precisando de donos.      

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