sábado, 25 de agosto de 2007

...estou no grid, quem vai apertar o botão ?


fim. começo, dizendo sobre isto aqui. acabou, pois não sou garoto propagando de porra de google nenhum. o punctumstudium está morto sem ter nascido. aí que alivio...

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

TRENZINHO BÃO...


cafe com pão cafe com pão mais um trem da alegria como é bão só precisa ser amigo de politiqueiro para entrar neste xiqueiro falem agora para seus filhos arrecadar votos para o proximo canalha que quem sabe se der sorte arranja uma vaga terceirizada e daqui alguns anos entra pro quadro pois os caras acham constrangedor ele no corredor e digam como romario treinar para que se já sei o que fazer estudar pra que se a moda e ir e vir frequentar equipado com a etiqueta da moda passo por filho de barão tenho celular para marcar esquematizar e nesta enciclopedia virtual passo por sabido em qualquer assunto enquanto os caras do google estão deitando e rolando e os caras só sabiam clicar e comer fast-foods:GOSTO DO QUE ME DERAM PARA GOSTAR

domingo, 19 de agosto de 2007

agosto de deuses


SENHOR LEITOR, É COM UM ENORME PRAZER QUE SENTO AQUI AGORA, PARA BATER TECLA POR TECLA COM MEU INDICADOR, ACABO DE SAIR DA FESTA DE DOIS ANOS DO MEU NETO ARTUR, ESTAVA UMA MARAVILHA, TODOS MUITOS EDUCADOS SENTARAM E FALARAM COM TODOS DE TODA ESTA TAL FELICIDADE QUE ESTA NA MODA AGORA, AS CRIANÇAS EM HARMONIA BRINCARAM COM TODOS OS BRINQUEDOS DO FESTEJADO ARTUR,E A TRANQUILIDADE ERA TAMANHA QUE DAVA PARA OUVIR A MUSICA AS CRIANÇAS E CADA UM QUE ESTAVA COM A PALAVRA SEM MONOPOLIO,REALMENTE DEVO ADMITIR QUE PRECISO FREQUENTAR MAIS A ATUAL SOCIEDADE POIS A COISA ESTA MUITO BOA, ESTOU CONTANDO TUDO A VOCE LEITOR QUE ESTA CANSADO DE SABER, MAIS PARA ME AFIRMAR, MAS MAMÃE ESTAVA PRESENTE E ADOROU, DISSE QUE NO TEMPO DELA ERA ASSIM TAMBEM, E ISTO TUDO DEVEMOS AOS NOSSOS GOVERNADORES QUE NUNCA TENTARAM TRAZER NADA DE FORA, FAZENDO SEMPRE REINAR AQUI A NOSSA CULTURA DE PAI PARA FILHO,DESDE SEMPRE, A NOSSA HISTORIA SERVE DE MODELO PARA OUTRAS NAÇÕES QUE PERMITEM OUTROS MODELOS ESTRANGEIROS, COMO ESTOU FELIZ POR PODER DIVIDIR TUDO ISTO COM VOCE LEITOR AMIGO, AGORA VOU FAZER MINHAS ORAÇÕES A TODOS OS DEUSES DE TODAS AS GALAXIAS PARA QUE UM DIA TODOS OS PAISES POSSAM GOZAR DESTA CULTURA IMENSA QUE TEMOS NO NOSSO RINCÃO, HA IA ME ESQUECENDO FIQUEI SABENDO POR INTERMEDIO DE UM MESTRE QUE ESTAVA PRESENTE QUE VAMOS TER UMA NOVA ORTOGRAFIA, COMO SÃO SABIOS NOSSOS MESTRES, VÃO RETIRAR O TREMA, AI NINGUEM MAIS VAI TREMER COM DOIS PONTINHOS DA ONÇA DA NOTA DE CINQÜENTA, ACHO QUE HIFEM TAMBEM, MUITA COISA VAI MUDAR PARA MELHOR E CLARO, UM CAFEZINHO A ESTES ILUMINADOS, E VAMOS FESTEJAR, SOMOS UM POVO FELIZ, OBRIGADO LEITOR AMIGO POR ESTA OPORTUNIDADE, E ATE A PROXIMA, BEIJOS A VOCE POR ME LER

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Allegro com moto


pontual transporta o meu irmão lá da cumbíca enquanto debíco deste acento hipnotizado por mais uma tela que como as outras demorou a chegar em casa mas bom mesmo era o quintal da divina quando voce era o batmam e eu robin pulavamos da mangueira e comiamos licurí assado pela prima divina talvez a prosa seja ruim mas a imagem é bressoniana guardada no meu bolso da camisa de brim que nunca era a do roy rogers ou do durango kid e se voce não consegue a maquina de escrever do marrom para meu teste dom vital será que estaria aqui agora catando milho e lembrando nossa infancia sem cadeira academica?
QUERO TUDO QUADRADO GRANDE AREJADO COM TUDO NO LUGAR QUEM VAI ARRUMAR MEU ESPAÇO DE CRIAR?
ontem o marquinho do indalércio veio jogar xadrez deixei ele quase impatar afinal resta algo ainda das nossas travessuras ele quer trocar seu berlingo pelo meu twingo acaba de ligar confirmando intenção digo que troco mas não volto nada ele vai pesquisar o mercado mal sabe ele das minhas entradas no mercado de são miguel quando eu tinha aquele amigo ladrão lá do colégio da vila nitro operaria aquele que o japones armou a ratueira na vitrine de nankin...
TODOS ESCREVEM TODOS PINTAM TODOS COLECIONAM SÓ EU RABISCO TROCO RELEIO TODOS OS GIBIS MAS VOCE NÃO TA AQUI AGORA PRA EXPLICAR PRA ELES COMO EU SOU COMO GOSTO DE TROCAR TUDO POR NADA DESDE PEQUENO ELES NÃO ENTENDEM PENSAM QUE SOU LOUCO OU QUE ESTOU BRINCANDO COM ELES SE VOCE DEIXASSE ESTA MERDA DE EMPRESA AÍ E VIESSE BRINCAR COMIGO PODERIAMOS CAÇAR PASSARINHO TENHO UM ESTILINGUE AGORA QUE NÃO ERRO UM É UMA SONY H9 QUE COMPREI NA FEIRA DE UM MENINO CHAMADO SIDNEY UM DAQUELES NOSSOS MENINOS DE SEMPRE NOSSOS AMIGOS COM AQUELAS CARAS QUE PENSAM QUE SOMOS IDIOTAS MAS QUE DA PRA BRINCAR.
e paulinho fiz um romance contando tudo vai ficar registrado tudo que passamos dei praa thaís corrigir pra vê se ela entende a brincadeira mas ela ta demorando e acho que vou lá agora e eu mesmo vou acabar com a minha preguiça e corrigir aquilo que vai ser nosso gibizão mesmo que digam que sou bizonho, claro ainda sonho e tenho a BIZÉ !

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

AQUARELANDO O PASTEL SECO




tapa.
virou a página.
uma mão marca d'água.
contornou com lápis de sobrancelhas.
se já não tinha sombra suficiente esfumou.
pata.
sim de lebre.
um galgo saiu d'ouro.
correu mais rápido que a cena.
pó.


Robson2007

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

O ringue, um espelho d'água...


Ali, né? Marro. mede,casse os clichês!
Cruze as luvas, dance as pernas,fale...
Façanha indigo blusa justa,içar a traíra.
Faróis Twin Bee iluminam a cena tarde...
se secaram espelho, aparece o ferrugem !

Ali malhas texturas de um barco fixo.
Cai o edifício mais alto da cidade ?
Park Som treme legenda blues áfrica...
Gansos formam um S no reflexo: resto!
O chão protubera uma linha bandeira.

Rodos encostados nas bordas
retiram musgo passado a limpo
algas coves cisnes negros
atravessa um terno com pressa
vão tapar os furos, desculpem minha infiltração !

terça-feira, 7 de agosto de 2007

flusso agora um bis ao diabo...


Do Diabo
Vilém Flusser
Há temas que embora sempre recalcados insistem em ressurgir à tona. O diabo é um deles. Acompanha, ora como motivo principal, ora como sugestão apenas perceptível, o desenrolar da sinfonia do pensamento individual e coletivo. Aparece nas paredes das cavernas do Madaleniano. No Egito pré-dinástico domina a cena a arte figurativa. Devora incontáveis vítimas oferecidas em holocausto em todas as civilizações mesopotâmicas. Disputa com o seu parceiro e rival o governo do mundo na civilização persa. Espalha pânico entre os gregos arcaicos, confunde e tenta os santos fundadores da Igreja. Esconde-se nas torres das catedrais góticas. Interrompe as devotas conversações de Lutero. Na literatura atual aparece em várias obras extremamente representativas, no âmbito mundial ("Dr. Faustus" de Thomas Mann) e no âmbito brasileiro ("Grande Sertão: Veredas" de Guimarães Rosa). Nas duas pseudo-religiões do século vinte, fascismo e marxismo, assume a forma levemente sublimada de "judaísmo" e "capitalismo". Domina o pensamento existencial nos trajes do pseudoconceito "nada". O intelecto recomenda: "No nada. Não se pense nele". A angústia e o nojo, este húmus amorfo do qual o intelecto brota, não se dá por satisfeito.

Kafka nota: "A fé no diabo é impossível. Mais diabo do que há não pode haver". É uma frase tipicamente diabólica. Reina nela uma confusão proposital e sistemática. Mais que articulação, é ela tremor e ranger de dentes. Esconde e revela a um tempo o tema principal da nossa consciência: a dificuldade de distinguir entre diabo e o seu rival, tradicionalmente chamado "Deus". Essa distinção é automaticamente alcançada na fé em "Deus", em qualquer de suas formas, mesmo nas formas ingênuas de "nação" ou "proletariado". Aquele que tem a graça da fé, em qualquer de suas formas, comeu da árvore da sabedoria e sabe distinguir entre o Mal e o Bem. Mas quando a dúvida se instala e a fé periclita, a distinção torna-se problemática. Intelectualmente, é verdade, podem ser construídas normas de comportamento e escalas de valores. Mas falta autenticidade a tais substitutos da fé. O motivo vivencial da escolha, e do conseqüente comportamento daquele que tem fé, é a fuga do diabo. Fugir do diabo e "procurar Deus" são sinônimos no território da fé. Quando a fé desaparece, desaparece o motivo vivencial da escolha, e é substituído por um pálido motivo racional. A liberdade, que antes era escolha entre pecado e virtude, passa a ser um conceito abstrato, esvaziado de conteúdo existencial. Existencialmente, tornou-se impossível distinguir entre o Mal e o Bem. A confusão entre o Mal e o Bem representa, no entanto, a vitória do diabo. É essa a situação que Kafka articula na frase citada.

Estas considerações iluminam com luz fraca e difusa o aspecto ético do diabo. São ecos apenas audíveis da luta que se desenvolve em nosso foro íntimo, naquele núcleo do nosso Eu que Camus chama de "honestidade". Não são, portanto, a rigor, articuláveis. Não se pode, a rigor, discutir o diabo deste ponto de vista, embora as religiões tradicionais o tenham tentado fazer em milhares de tratados teológicos. O diabo, como fonte de liberdade autêntica, não é discutível, mas apenas vivível ("erlebbar"). É o aspecto ontológico do diabo, o diabo como horizonte do Ser, que pode ser discutido e formará, portanto, o tema deste artigo. Em outras palavras: o tema não é tanto o diabo como sedutor das almas, mas o diabo como príncipe das trevas e senhor do inferno.

A nomenclatura à qual estou recorrendo é propositadamente medieval, mas não pretendo chocar o leitor. Quero, isto sim, colocar a discussão no seu contexto apropriado. A especulação filosófica atual retomou o fio da conversa lá aonde escolásticos do século XV o deixaram cair, mas esta circunstância é mascarada pela nova nomenclatura. Restaurando a nomenclatura medieval, estaremos restabelecendo conscientemente a corrente da tradição.

Assim, a tradição ocidental é caracterizada por duas tendências, uma dominante frente à outra recessiva. A dominante, "ortodoxa", pode ser identificada, grosso modo, com o cristianismo. A recessiva, "herege", pode ser identificada, grosso modo, com o maniqueísmo. A história do pensamento ocidental pode ser encarada como luta intrincada entre estas duas tendências, cabendo, via de regra, aos elementos judeus e latinos a defesa da ortodoxia, e aos elementos germânicos, eslavos e orientais a defesa da heresia. Para a ortodoxia, o Ser transcende as aparências, para a heresia o Ser se resume nas aparências. Como ambas usam a nomenclatura da ortodoxia dominante, podemos dizer que a ortodoxia luta por Deus e a heresia pelo diabo.

A Idade Moderna, cujos últimos instantes presenciamos, ofusca a visão da tradição ocidental conforme aqui foi exposta. A dúvida cartesiana que inaugura a Idade Moderna resulta no espírito científico aparentemente maniqueísta, já que aparentemente preocupado exclusivamente com as aparências. Entretanto, trata-se de uma ortodoxia disfarçada, já que a ciência procura descobrir leis, isto é, o Ser que transcende as aparências. Recorrendo a um paradoxo, podemos dizer que a ciência é uma ortodoxia com métodos heréticos. É uma procura de Deus através da pesquisa do diabo. É, portanto, muito difícil e artificial querer distinguir a tendência cristã da maniqueísta no curso da Idade Moderna, embora ambas as tendências continuem ativas subterraneamente, como se torna aparente atualmente.

Do ponto de vista ontológico a procura científica pode ser considerada como concluída. Embora a ciência continue avançando com ritmo acelerado, abriu mão da pretensão de penetrar até o Ser. Já não pode, portanto, substituir a religião, como o fez nos séculos XVIII e XIX. O cientificismo morreu, e com ele morreu (ou está morrendo), a Idade Moderna. Reaparecem, metamorfoseados, o "cristianismo" e o "maniqueísmo".

A posição maniqueísta atual está resumida na frase de Nietzche: "Deus está morto". A posição ortodoxa, definida por Nietzche como "niilismo platônico", está na defensiva. Os papéis das duas tendências tradicionais se inverteram, Os elementos germânicos, eslavos e orientais triunfam (talvez provisoriamente) sobre os elementos judeus e latinos. O Império Romano, base inconsciente do ocidente, está sendo invadido, mais uma vez, pelos bárbaros fora e dentro do "limes". Aproximamo-nos de uma nova Idade Média, talvez tão fervorosa, diabólica e crente quanto a primeira. Consideremos a posição maniqueísta da atualidade.

Basicamente ela assume duas formas: a do existencialismo e a do neopositivismo. O existencialismo diz respeito à situação do homem no mundo e representa um humanismo curiosamente invertido. O homem foi jogado pelo "fundamento que não gosta de nós" (Rilke), isto é, pelo diabo, para dentro do mundo sem ser previamente consultado. Duas são as situações que resultam deste "estarmos jogados": podemos continuar decaindo em direção da morte, nojentamente e angustiados, ou podemos projetar-nos contra nossas origens, honestos e preocupados. Em ambos os casos o nosso destino é absurdo, porque o "nada" (o diabo) está à nossa espera, tanto no fim do trajeto da decadência, como no fim do trajeto do projeto. Somos criaturas do diabo e seremos sua presa, quer nos afastemos dele decaindo, quer nos projetemos contra ele. O inferno é o horizonte do Ser em todas as direções e o próprio Ser não passa de uma espécie de inferno transitório pelo qual a existência passa em seu caminho do inferno para o inferno. Embora os diversos pensadores existenciais variem este tema básico até torná-lo quase irreconhecível e embora cheguem a resultados tão assimétricos com Heidegger, Sartre, Camus e Buber, esta é, no fundo, a posição do existencialismo. Trata-se de um maniqueísmo radical, o qual se distancia do maniqueísmo medieval somente pela sua insistência na "vivência" e na "vontade", desconhecendo, portanto, a ascese dos hereges medievais.

O neopositivismo diz respeito à capacidade do homem de conhecer o mundo e prega uma alienação total entre homem e mundo. O homem está para o mundo como dois espelhos estão um para o outro, se estiverem pendurados dentro de um quarto vazio em paredes opostas (Wittgenstein). Um espelha o outro e nada mais. Os pensamentos do homem são símbolos do mundo e o mundo é a projeção dos pensamentos humanos. Na realidade, o espírito humano está fechado sobre si mesmo e a atividade intelectual equivale, quanto ao seu significado "real", ao jogo de xadrez. O homem está encarcerado dentro do seu intelecto, num inferno particular, com efeito. "Somos ilhas". O clima de uma teoria de conhecimento assim concebida é o da frustração e do desespero. Conduz ao suicídio do intelecto. (O que não pode ser falado deve ser calado). A língua, concebida como um sistema estéril e tautológico de símbolos e regras, é o único campo de atividade do intelecto. Com efeito, a língua é o diabo. O neopositivismo é o lado epistemológico do maniqueísmo atual, o existencialismo é o seu lado ontológico. Muito embora os dois não tenham ainda unido suas forças, essa aliança é facilmente realizável.

A tendência ortodoxa da nova idade que se está aproximando não pode ser ainda caracterizada. Por enquanto, manifesta-se tão somente como resíduos ingênuos da Idade moderna moribunda. Está não somente na defensiva, como representa a reação à situação atual do pensamento ocidental. É neste sentido que podemos falar em "crise do Ocidente". A sobrevivência daquilo que chamamos "civilização ocidental" depende de uma reformulação autêntica de posição ortodoxa, depende, portanto, de uma reformulação daquilo que é chamado, tradicionalmente, "diabo". Se essa reformulação for conseguida, se conseguirmos incorporar no conceito "diabo" os aspectos existenciais do "nada" e os aspectos epistemológicos da "língua", surgirá automaticamente uma nova fé e uma nova e autêntica escala de valores. Não sendo possível a fé no diabo, como diz Kafka, a definição nova do conceito "diabo" acarreta automaticamente a fé no seu rival. A ortodoxia, em sua posição defensiva em face do maniqueísmo novo, necessita terçar armas com ele no terreno por ele escolhido. As tentativas das religiões tradicionais de enfrentar as idéias novas em terreno antigo são desesperadas. Não é destruindo, mas ultrapassando o novo maniqueísmo que poderemos, talvez, salvar a civilização ameaçada. É preciso enfrentar o diabo em sua forma atual se quisermos enquadrá-lo num esquema de valores novos. Não podemos, entretanto, nutrir a esperança de destruí-lo. A destruição do diabo, por inimaginável que seja, seria, logicamente, a destruição de "Deus".

Publicado originalmente em "O Estado de São Paulo" data

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Este artigo faz parte de Vilém Flusser: Olhares Brasileiros, uma publicação do CISC disponível em http://projetos.cisc.org.br/flusser Do Diabo
Vilém Flusser
Há temas que embora sempre recalcados insistem em ressurgir à tona. O diabo é um deles. Acompanha, ora como motivo principal, ora como sugestão apenas perceptível, o desenrolar da sinfonia do pensamento individual e coletivo. Aparece nas paredes das cavernas do Madaleniano. No Egito pré-dinástico domina a cena a arte figurativa. Devora incontáveis vítimas oferecidas em holocausto em todas as civilizações mesopotâmicas. Disputa com o seu parceiro e rival o governo do mundo na civilização persa. Espalha pânico entre os gregos arcaicos, confunde e tenta os santos fundadores da Igreja. Esconde-se nas torres das catedrais góticas. Interrompe as devotas conversações de Lutero. Na literatura atual aparece em várias obras extremamente representativas, no âmbito mundial ("Dr. Faustus" de Thomas Mann) e no âmbito brasileiro ("Grande Sertão: Veredas" de Guimarães Rosa). Nas duas pseudo-religiões do século vinte, fascismo e marxismo, assume a forma levemente sublimada de "judaísmo" e "capitalismo". Domina o pensamento existencial nos trajes do pseudoconceito "nada". O intelecto recomenda: "No nada. Não se pense nele". A angústia e o nojo, este húmus amorfo do qual o intelecto brota, não se dá por satisfeito.

Kafka nota: "A fé no diabo é impossível. Mais diabo do que há não pode haver". É uma frase tipicamente diabólica. Reina nela uma confusão proposital e sistemática. Mais que articulação, é ela tremor e ranger de dentes. Esconde e revela a um tempo o tema principal da nossa consciência: a dificuldade de distinguir entre diabo e o seu rival, tradicionalmente chamado "Deus". Essa distinção é automaticamente alcançada na fé em "Deus", em qualquer de suas formas, mesmo nas formas ingênuas de "nação" ou "proletariado". Aquele que tem a graça da fé, em qualquer de suas formas, comeu da árvore da sabedoria e sabe distinguir entre o Mal e o Bem. Mas quando a dúvida se instala e a fé periclita, a distinção torna-se problemática. Intelectualmente, é verdade, podem ser construídas normas de comportamento e escalas de valores. Mas falta autenticidade a tais substitutos da fé. O motivo vivencial da escolha, e do conseqüente comportamento daquele que tem fé, é a fuga do diabo. Fugir do diabo e "procurar Deus" são sinônimos no território da fé. Quando a fé desaparece, desaparece o motivo vivencial da escolha, e é substituído por um pálido motivo racional. A liberdade, que antes era escolha entre pecado e virtude, passa a ser um conceito abstrato, esvaziado de conteúdo existencial. Existencialmente, tornou-se impossível distinguir entre o Mal e o Bem. A confusão entre o Mal e o Bem representa, no entanto, a vitória do diabo. É essa a situação que Kafka articula na frase citada.

Estas considerações iluminam com luz fraca e difusa o aspecto ético do diabo. São ecos apenas audíveis da luta que se desenvolve em nosso foro íntimo, naquele núcleo do nosso Eu que Camus chama de "honestidade". Não são, portanto, a rigor, articuláveis. Não se pode, a rigor, discutir o diabo deste ponto de vista, embora as religiões tradicionais o tenham tentado fazer em milhares de tratados teológicos. O diabo, como fonte de liberdade autêntica, não é discutível, mas apenas vivível ("erlebbar"). É o aspecto ontológico do diabo, o diabo como horizonte do Ser, que pode ser discutido e formará, portanto, o tema deste artigo. Em outras palavras: o tema não é tanto o diabo como sedutor das almas, mas o diabo como príncipe das trevas e senhor do inferno.

A nomenclatura à qual estou recorrendo é propositadamente medieval, mas não pretendo chocar o leitor. Quero, isto sim, colocar a discussão no seu contexto apropriado. A especulação filosófica atual retomou o fio da conversa lá aonde escolásticos do século XV o deixaram cair, mas esta circunstância é mascarada pela nova nomenclatura. Restaurando a nomenclatura medieval, estaremos restabelecendo conscientemente a corrente da tradição.

Assim, a tradição ocidental é caracterizada por duas tendências, uma dominante frente à outra recessiva. A dominante, "ortodoxa", pode ser identificada, grosso modo, com o cristianismo. A recessiva, "herege", pode ser identificada, grosso modo, com o maniqueísmo. A história do pensamento ocidental pode ser encarada como luta intrincada entre estas duas tendências, cabendo, via de regra, aos elementos judeus e latinos a defesa da ortodoxia, e aos elementos germânicos, eslavos e orientais a defesa da heresia. Para a ortodoxia, o Ser transcende as aparências, para a heresia o Ser se resume nas aparências. Como ambas usam a nomenclatura da ortodoxia dominante, podemos dizer que a ortodoxia luta por Deus e a heresia pelo diabo.

A Idade Moderna, cujos últimos instantes presenciamos, ofusca a visão da tradição ocidental conforme aqui foi exposta. A dúvida cartesiana que inaugura a Idade Moderna resulta no espírito científico aparentemente maniqueísta, já que aparentemente preocupado exclusivamente com as aparências. Entretanto, trata-se de uma ortodoxia disfarçada, já que a ciência procura descobrir leis, isto é, o Ser que transcende as aparências. Recorrendo a um paradoxo, podemos dizer que a ciência é uma ortodoxia com métodos heréticos. É uma procura de Deus através da pesquisa do diabo. É, portanto, muito difícil e artificial querer distinguir a tendência cristã da maniqueísta no curso da Idade Moderna, embora ambas as tendências continuem ativas subterraneamente, como se torna aparente atualmente.

Do ponto de vista ontológico a procura científica pode ser considerada como concluída. Embora a ciência continue avançando com ritmo acelerado, abriu mão da pretensão de penetrar até o Ser. Já não pode, portanto, substituir a religião, como o fez nos séculos XVIII e XIX. O cientificismo morreu, e com ele morreu (ou está morrendo), a Idade Moderna. Reaparecem, metamorfoseados, o "cristianismo" e o "maniqueísmo".

A posição maniqueísta atual está resumida na frase de Nietzche: "Deus está morto". A posição ortodoxa, definida por Nietzche como "niilismo platônico", está na defensiva. Os papéis das duas tendências tradicionais se inverteram, Os elementos germânicos, eslavos e orientais triunfam (talvez provisoriamente) sobre os elementos judeus e latinos. O Império Romano, base inconsciente do ocidente, está sendo invadido, mais uma vez, pelos bárbaros fora e dentro do "limes". Aproximamo-nos de uma nova Idade Média, talvez tão fervorosa, diabólica e crente quanto a primeira. Consideremos a posição maniqueísta da atualidade.

Basicamente ela assume duas formas: a do existencialismo e a do neopositivismo. O existencialismo diz respeito à situação do homem no mundo e representa um humanismo curiosamente invertido. O homem foi jogado pelo "fundamento que não gosta de nós" (Rilke), isto é, pelo diabo, para dentro do mundo sem ser previamente consultado. Duas são as situações que resultam deste "estarmos jogados": podemos continuar decaindo em direção da morte, nojentamente e angustiados, ou podemos projetar-nos contra nossas origens, honestos e preocupados. Em ambos os casos o nosso destino é absurdo, porque o "nada" (o diabo) está à nossa espera, tanto no fim do trajeto da decadência, como no fim do trajeto do projeto. Somos criaturas do diabo e seremos sua presa, quer nos afastemos dele decaindo, quer nos projetemos contra ele. O inferno é o horizonte do Ser em todas as direções e o próprio Ser não passa de uma espécie de inferno transitório pelo qual a existência passa em seu caminho do inferno para o inferno. Embora os diversos pensadores existenciais variem este tema básico até torná-lo quase irreconhecível e embora cheguem a resultados tão assimétricos com Heidegger, Sartre, Camus e Buber, esta é, no fundo, a posição do existencialismo. Trata-se de um maniqueísmo radical, o qual se distancia do maniqueísmo medieval somente pela sua insistência na "vivência" e na "vontade", desconhecendo, portanto, a ascese dos hereges medievais.

O neopositivismo diz respeito à capacidade do homem de conhecer o mundo e prega uma alienação total entre homem e mundo. O homem está para o mundo como dois espelhos estão um para o outro, se estiverem pendurados dentro de um quarto vazio em paredes opostas (Wittgenstein). Um espelha o outro e nada mais. Os pensamentos do homem são símbolos do mundo e o mundo é a projeção dos pensamentos humanos. Na realidade, o espírito humano está fechado sobre si mesmo e a atividade intelectual equivale, quanto ao seu significado "real", ao jogo de xadrez. O homem está encarcerado dentro do seu intelecto, num inferno particular, com efeito. "Somos ilhas". O clima de uma teoria de conhecimento assim concebida é o da frustração e do desespero. Conduz ao suicídio do intelecto. (O que não pode ser falado deve ser calado). A língua, concebida como um sistema estéril e tautológico de símbolos e regras, é o único campo de atividade do intelecto. Com efeito, a língua é o diabo. O neopositivismo é o lado epistemológico do maniqueísmo atual, o existencialismo é o seu lado ontológico. Muito embora os dois não tenham ainda unido suas forças, essa aliança é facilmente realizável.

A tendência ortodoxa da nova idade que se está aproximando não pode ser ainda caracterizada. Por enquanto, manifesta-se tão somente como resíduos ingênuos da Idade moderna moribunda. Está não somente na defensiva, como representa a reação à situação atual do pensamento ocidental. É neste sentido que podemos falar em "crise do Ocidente". A sobrevivência daquilo que chamamos "civilização ocidental" depende de uma reformulação autêntica de posição ortodoxa, depende, portanto, de uma reformulação daquilo que é chamado, tradicionalmente, "diabo". Se essa reformulação for conseguida, se conseguirmos incorporar no conceito "diabo" os aspectos existenciais do "nada" e os aspectos epistemológicos da "língua", surgirá automaticamente uma nova fé e uma nova e autêntica escala de valores. Não sendo possível a fé no diabo, como diz Kafka, a definição nova do conceito "diabo" acarreta automaticamente a fé no seu rival. A ortodoxia, em sua posição defensiva em face do maniqueísmo novo, necessita terçar armas com ele no terreno por ele escolhido. As tentativas das religiões tradicionais de enfrentar as idéias novas em terreno antigo são desesperadas. Não é destruindo, mas ultrapassando o novo maniqueísmo que poderemos, talvez, salvar a civilização ameaçada. É preciso enfrentar o diabo em sua forma atual se quisermos enquadrá-lo num esquema de valores novos. Não podemos, entretanto, nutrir a esperança de destruí-lo. A destruição do diabo, por inimaginável que seja, seria, logicamente, a destruição de "Deus".

Publicado originalmente em "O Estado de São Paulo" data

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Este artigo faz parte de Vilém Flusser: Olhares Brasileiros, uma publicação do CISC disponível em http://projetos.cisc.org.br/flusser

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

MAIS UMA FLUSSADA PRA TIURMA...


Boas Maneiras
Vilém Flusser
Há várias maneiras de fazer uma tarefa. Algumas são boas. A ciência que procura descobrir quais as boas maneiras é chamada "metodologia". A questão é esta: será metodologia uma boa maneira para descobrir quais as boas maneiras? A resposta dependerá da nossa atitude. Por exemplo: podemos dizer que não importa que maneira é boa desde que se cumpra a tarefa. ("Os fins justificam os meios"). Ou podemos dizer que toda tarefa exige uma determinada maneira, e não admite outra. ("O problema contém a solução, ou não é problema"). Ou podemos dizer que a maneira como fazemos algo é o que conta, e não importa o que fazemos.("O estilo é o homem"). Ou podemos dizer que a maneira pode ser julgada apenas depois de cumprida a tarefa. ("São pelos seus frutos que serão conhecidos"). E há outras atitudes.

Uma coisa, no entanto, é certa; embora possam existir múltiplas atitudes quanto às boas maneiras, na prática, todos parecem estar de acordo atualmente: a maneira científica é a única boa maneira de fazer-se algo. Curiosíssimo acordo este. Curiosíssimo por muitas razões, e duas entre elas são estas: A ciência não quer saber o que é bom, uma vez que para ela todas as coisas neutras, nem más nem boas. Quem diz, portanto, que a ciência é uma boa maneira está falando anti cientificamente. E a ciência é a primeira a admitir que a sua maneira de fazer é falha, tanto na prática quanto na teoria. Na prática, porque tenta e erra. E na teoria, porque não consegue justificar-se. Então quem diz que a ciência é uma boa maneira nada sabe a respeito da maneira como a ciência faz coisas. Mas o acordo persiste.

Por quê? Porque obviamente a maneira científica funciona: aviões voam, alto-falantes falam alto, e bombas de hidrogênio matam eficientemente. Mas o que significa "funciona"? Quer dizer isto: é uma boa maneira para cumprir tarefas das quais não sabe se são más ou boas, e das quais não quer saber nada disto. Pede, portanto, que seja inventada uma maneira não científica para dizer quais as más tarefas, e quais as boas. Tal maneira ainda não foi inventada, e seria ela a verdadeira "boa maneira". A sua falta é a chamada "crise de valores". Enquanto não for inventada, nenhuma maneira pode ser boa.

A maneira científica de fazer as coisas prevalece atualmente, e criou dois problemas: estamos esquecendo outras maneiras, ("despolitização"), e fazemos para fazer, sem pensar nas tarefas, (sempre mais automóveis). Acreditamos que os problemas da ciência podem ser resolvidos apenas com mais ciência, cientificamente. Péssima maneira.

Publicado originalmente em Veículo data

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Este artigo faz parte de Vilém Flusser: Olhares Brasileiros, uma publicação do CISC disponível em http://projetos.cisc.org.br/flusser Boas Maneiras
Vilém Flusser
Há várias maneiras de fazer uma tarefa. Algumas são boas. A ciência que procura descobrir quais as boas maneiras é chamada "metodologia". A questão é esta: será metodologia uma boa maneira para descobrir quais as boas maneiras? A resposta dependerá da nossa atitude. Por exemplo: podemos dizer que não importa que maneira é boa desde que se cumpra a tarefa. ("Os fins justificam os meios"). Ou podemos dizer que toda tarefa exige uma determinada maneira, e não admite outra. ("O problema contém a solução, ou não é problema"). Ou podemos dizer que a maneira como fazemos algo é o que conta, e não importa o que fazemos.("O estilo é o homem"). Ou podemos dizer que a maneira pode ser julgada apenas depois de cumprida a tarefa. ("São pelos seus frutos que serão conhecidos"). E há outras atitudes.

Uma coisa, no entanto, é certa; embora possam existir múltiplas atitudes quanto às boas maneiras, na prática, todos parecem estar de acordo atualmente: a maneira científica é a única boa maneira de fazer-se algo. Curiosíssimo acordo este. Curiosíssimo por muitas razões, e duas entre elas são estas: A ciência não quer saber o que é bom, uma vez que para ela todas as coisas neutras, nem más nem boas. Quem diz, portanto, que a ciência é uma boa maneira está falando anti cientificamente. E a ciência é a primeira a admitir que a sua maneira de fazer é falha, tanto na prática quanto na teoria. Na prática, porque tenta e erra. E na teoria, porque não consegue justificar-se. Então quem diz que a ciência é uma boa maneira nada sabe a respeito da maneira como a ciência faz coisas. Mas o acordo persiste.

Por quê? Porque obviamente a maneira científica funciona: aviões voam, alto-falantes falam alto, e bombas de hidrogênio matam eficientemente. Mas o que significa "funciona"? Quer dizer isto: é uma boa maneira para cumprir tarefas das quais não sabe se são más ou boas, e das quais não quer saber nada disto. Pede, portanto, que seja inventada uma maneira não científica para dizer quais as más tarefas, e quais as boas. Tal maneira ainda não foi inventada, e seria ela a verdadeira "boa maneira". A sua falta é a chamada "crise de valores". Enquanto não for inventada, nenhuma maneira pode ser boa.

A maneira científica de fazer as coisas prevalece atualmente, e criou dois problemas: estamos esquecendo outras maneiras, ("despolitização"), e fazemos para fazer, sem pensar nas tarefas, (sempre mais automóveis). Acreditamos que os problemas da ciência podem ser resolvidos apenas com mais ciência, cientificamente. Péssima maneira.

Publicado originalmente em Veículo data

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Este artigo faz parte de Vilém Flusser: Olhares Brasileiros, uma publicação do CISC disponível em http://projetos.cisc.org.br/flusser

domingo, 5 de agosto de 2007

VOU FLUSSANDO E CONCORDANDO COMIGO MESMO


Ensino Superior
Vilém Flusser
Na Idade Média ocidental havia duas camadas de cultura: a popular (com suas lendas, canções e costumes), e a erudita superior (nas Universidades). A superior latina sorvia sua seiva na inferior vulgar, e era, para a inferior, autoridade. Na Idade Moderna uma terceira camada (a nacional), muito duvidosa, se introduzia qual cunha entre as duas primeiras. Atualmente a situação é inteiramente diferente. A revolução dos meios de comunicação esta esvaziando tanto a cultura popular quanto a nacional, criando assim a cultura de massa. Qual é doravante o papel da cultura superior (e o das Universidades)?

É preciso remontar até a Idade Média para poder falar-se em Universidade. As Universidades são remanescentes medievais no contexto atual, por mais que tenham sido atualizadas (reestruturadas). São medievais não apenas em seus títulos e seu formalismo, mas muito mais significante por sua função na sociedade: pretendem ser autoridades. Isto é, autores de modelos. Mas não podem sê-lo pelo simples fato de que para a cultura de massa não há autoridade. Todo participante de tal cultura se assume autoridade em tudo (futebol, política, aventuras amorosas dos astros de cinema). E o enumerado entre os parênteses é praticamente tudo para a cultura de massa.

É claro: para a cultura superior o enumerado não é tudo. Há ciência, há as artes, as disciplinas "humanistas" e tantas outras coisas. É nisto as Universidades pretendem ser autoridades. Mas tudo isto não interessa do ponto de vista da cultura de massa. "Ciência" interessa apenas como programa de televisão, e como disciplina é praticamente dispensável. A cultura de massa se propaga automaticamente, dispensando novas descobertas. "Arte" são desenhos animados ou similares, o resto é para uma elite alienada. Assim com todo o resto.

A Universidade esta perdendo sua função na sociedade. E não apenas no sentido mencionado. O titulo universitário não confere nem mais vantagem econômica nem "status". Nos países desenvolvidos a próxima geração será constituída de doutores, trabalhando de contadores ou massagistas. Atualmente um torneio vale mais que um professor de mecânica (para não falar em filósofos e lingüistas). Tal tendência parece indicar que as universidades estão fadadas ao estéril academismo.

Tudo isto pode ser considerado um exagero. As Universidades ainda são lugares de pesquisa, e seus laboratórios ainda absorvem bilhões de dólares nos países desenvolvidos. Ainda servem de espaço para a juventude contestar a situação. No entanto, o importante é a palavra "ainda"; "por quanto tempo?".

Publicado originalmente em "Folha de São Paulo" 22/02/1972

sábado, 4 de agosto de 2007

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

living

POSTO PRINCIPAL CONFÚCIO SEM IMAGEM TRANSEUNTES PASSAM BOA TARDE O CARIOCA DA A RECEITA DE UM PORCO ATOLADO DO SELF-SERVICE NO SENADO FEDERAL MONTE SEU PRATO EU BOTO BERINGELA NO MEIO E LASCO MALAGUETA UM SUCO DE LARANJA AJUDA A DESCER E QUANDO ERA MOLHO DE MAMÃO VERDE COM TIMBURÉ FRITO NO FUBÁ NO LAGAMAR AINDA DAVA PRA TOMAR BANHO DE CÓRREGO JOGAR SALÃO NA PRAÇA CORTAR O PAPAGAIO DO FILHO DO DELEGADO MATAR CANÁRIO DA TERRA CHUPAR LARANJAS NAS FAZENDAS POR BAIXO DO ARAME FARPADO ANDAR DE BICICLETA EMPRESTADA OU NA GARUPA DO PEIXINHO EXPERIMENTAR LARGO LOMBO DE CAVALO MARROM NAMORAR NA PRAÇA COM A MÁRCIA DO DIRÍCO QUE SÓ TINHA UM BRAÇO MAS ERA PERIGOSO JOGADOR ANDAR DE JEPP OU RURAL OUVIR CAUSOS DE ASSOMBRAÇÃO NA BEIRA DO FOGÃO Á LENHA É QUANDA PASSA O MARCELO SODOMITA EX MARCIANO AGORA BROTHER DAS ANTIGA INTERROMPE ESTE NARRAR QUE VOLTA AO MENU PRINCIPAL UMA SENHORA MAL HUMORADA SE ATRAPALHA COM SEUS PERTENCES NÃO CONSEGUE REGULAR A ALÇA DA BOLSA FOTOGRAFICA OLHO CLICO MAIS ESTE CLICHÊ NA TECLA UM CHAPÉU QUE INSISTE EM VOLTAR AO INTERIOR EU SUB-SOLO HOJE JÁ DORMI DUAS VEZES E CHEGUEI ATRAZADO 45 MINUTOS POR TANTO PERDI O PRIMEIRO TEMPO E USO OS 15 MINUTOS COMO PREPARAÇÃO PARA VER SE MARCO NO FINAL POIS HOJE TEM BALAIO GORDO NA NORTE ACHO QUE VOU PARA O OUTRO EXTREMO VER O FILME FRANCES RECOMENDADO PELA ADELAIDE AFINAL ESTA TERRA AUSTRALIANA VEM DE UM BELO HORIZONTE E VÊ A CULTURA COM OLHOS DAS MINAS GERAIS...ENTRAREI NA CAIXA PRETA !

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

aparo as arestas do aparelho.


UNS FLUSSAN OUTROS SARTRAN EU CRICO REBOBINO O DIGITO NA PALMO TOPO RELEIO SEM RECEIO DE PEPETIR METATEXTO METAIMAGE METOBRONCA NO MEU GIBI SE O ZÉ CARIOCA TENTAR ME ENRROLAR MANDO O TIÃO DO SACO CARREGAR SEUS VOLUMES PELA CALANGOLANDIA NUMA NORMANDIA MUITO MAIS PERTO DA CURTA METRAGEM QUE DO LONGA EXPOSIÇÃO EM B LINEAR NO CANTAR DO GALO MEU FREDERICO QUER UM W-3 SUBEXPOSTA A LAZER OU INFRA-VERMELHO DE DENTRO DA SALA ESCURA O SOL QUE VAZA NA RACHADURA É PERMITIDO PELO APARELHO DE FAZER BARBA A GRAVATA UM GOGO DADO PELO BICUDO RIP ROP REP BATO ESTACA NA CAPA DO VAMPIRO QUE JÁ VOOU COM SUA MAIS RECENTE VAMPIRINHA LIMALHAS DA MAQUINA DE BRINCAR JOGO DE NOVO A INDIA DO REI AOS CANIBAIS QUE TENTAM DEFESA SUECA MAS OS DOIS CAVALOS ESTÃO ESTRUPIADOS E NARRAM DE DENTRO DE SENHOR E SERVO A SEIVA RUSSA POR CANAIS VENULAS NEGRAS EMBUTIDOS NAS ONDAS CIBERNETICAS REVOLUÇÃO DENTRO DA CAIXA DE ARISTOTELES OU MESMO ANTES NA CHINA DESCUBRO POLVORA BRANCA E MARCO A SOMBRA TEXTURA EM AUTO-RELEVO ADIANTO DEZ POR CENTO SE PERDER COM UM 9 RASGO A MASCARA E JOGO PINHOLE MEIO QUADRO NA PALMA DA MÃO FLUSSER RIRIA SARTRE SALTARIA NÃO PRECISO MAIS CLICAR ABRO O FURO E DEIXO O SOL ENTRAR VERDE NA BOBINA DEPOIS LEVO AO GB E O AGNALDO FAZ O RESTO SEU SEBASTIÃO DA O DESCONTO E GUMERCINDO FICA NU.