quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Onde fica a torneira?




A ficção modela suas vidas


a minha vida modela um conto


sobre vidas de ficção


viviam em qualquer lugar


tinham qualquer costume


com qualquer organização


presente em suas vidas
a figura do um não existia
acho que não vai dar certo


este um qualquer coisa


o rei


o Deus


o escritor


o leitor


o dono


o que sabe


o guia


acho que vai dar certo


a presa vai dar de comer


vamos poder multiplicar o mando


diziam antes de subir


e assim a colónia cheirava seus corpos mais


importantes


e vomitavam o espinho de manter o cheiro


até outra colónia tomar de conta


velhos


novos


entre os dois


o que não é velho nem novo


subiam entre SUS


e reticências para eles


que como qualquer colónia


espera o vidro perfeito


que não deixará vazar o cheiro


mesmo sobre o preço de não ser cheirada


a acção colonial de qualquer pena


vamos ensinar os presos


que na terra qualquer pena flutua


paira no ar


e as molhadas de literatura


pesadas de tanta escritura


aguadas até o pescoço


estas permitem que voem


sem chuva


cair no mar pertence ao texto


ensopar de letrinhas também


e não vamos acrescentar a morte


pois esta não estava presente na vida destas criaturas


tinham matado a morte


o fim reservado apenas ao fim


como o fim não começa


e nem anda pelo meio


só tem direito ao fim


ele próprio


não falem dele sem conhecê-lo


ele não merece nenhuma importância


ele não é amigo de ninguém


foi assim que foi extirpado o fim


naquele modelo de ficção


num tempo qualquer...

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