sábado, 24 de março de 2007

DEZMANDAMENTOS




Quem escreve pode não ser escritor, mas apenas compilador do que está sendo escrito por outros nos tropeços do dia-a-dia.

A taquígrafa nunca escreveu nada além dos códigos anotados de todos os discursos esfuziantes dos homens do poder.

O escrivão jamais cometeu crime maior que transcrever todo o interrogatório formal dentro da técnica imposta pela ciência jurídica.



A datilógrafa teclou a vida inteira pensamentos alheios ao seu mundo limitado pela televisão, quando bem poderia ter ganho uma grande angular.



O mecânico montou e desmontou, embaixo, em cima, dos lados, todas as peças, sem fazer uma sequer.



A polícia prendeu, bateu, matou tantos, sem, no entanto, ter nada de particular ou pessoal com as vítimas.



O médico cortou, abriu, fechou, deu receita, durante toda sua carreira, e não descobriu a cura do mau atendimento.



A costureira emendou panos cortados por outra, mas nunca soube fazer o vestido de noiva completo.



O comandante esqueceu o poder na gaveta do padrinho, quando disse: - Vale tudo!



O poeta, então, libertou a língua dos elementos de ligações perigosas e decretou: - Podes ser rico, mas jamais Rilke!

Um comentário:

Anônimo disse...

Tudo afiado aqui velho.
Escrever n~~ao ´´e ph´´acill.
T^^o sem net, lan house is veryt trash... is the rest.
Que legal o lance da alemanha. seu eu pudesse. Seu blog t´´a cada vez melhor.
Abraç~~ao.
P.S. N~~ao to b^^ebado n~~ao! esse teclado de lan house... risos...