sexta-feira, 4 de março de 2011

Distâncias do dizer


A mãe dele é mula.
O namorado dele é chefe de gabinete.
O tio dela era poeta.
O piquininim tem complexo de inferioridade.
A tia dele é deputada.
O avô dele era maestro.
A mãe dele foi puta.
O pai dele era deputado.
A sogra dele é casada com o ministro.
O irmão dele morreu drogado.
O pai dele é guarda.
O velho dela é artista.
A irmã dele faz instalação.
O preconceito dele tem rótulo.
O primo dele tem um time de futebol.
Ele já foi internado.
Ele gosta de gente.
Ele é um modelo vencido.
Acho que ele estudou na china.
O síndico dele é meu amigo.
Ele lê Uma Temporada no Inferno.
As casas dela grudam grande familia.
Este está pensando que é ele.
O pai dele deu um telefone no general do IBC.
Ele quer os arquivos.
O outro fica puto sem poder fazer nada.
Ele rasgou o bolso das verdades.
Aquilo que seu filho não pode ler ainda não foi escrito.
Ela leva pedras preciosas nos rins.
Ele gosta de amostras grátis.
O irmão do outro é amigo do ministro dos transportes.
Ninguém se move por ele.
Ninguém vai contar a história toda.
Nem eu.

2 comentários:

Cássio Amaral disse...

fotos maravilhosas aí embaixo. a sua com a professora e o promotor então é demais.
____________________________________________________

a arte mano véi, só a arte pode nos salvar, a maeles traduziu um pouco do texto em alemão, os trechos em alemão com a foto do seu brô alemão. muito bom robson meu sensei.


abração em você, bizé e todos aí.

Cássio Amaral disse...

a foto da bizé com a lígia também é obra prima.