segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Sobre o natal

O Natal é vivo ainda, mas não tem mais a mesma força que tinha na década de 70, quando sozinho enchia um caminhão de areia em meio expediente.

A Dona Jovina peneirava soprando arroz até não sentir mais os braços.

O Pacau comia uma caixa de bananas no café da tarde, quando estava trabalhando de sapateiro e treinando para a maratona.

A Diva fez amizade com as imagens dos seus deliriuns tremens.

O Mendigo Ovídio ficava sempre com a suã do porco morto no quintal dos Ribeiros.

A frase lida em voz alta na classe cheia do colégio de interior era mais forte que qualquer manchete do jornal.

O defunto vinha dentro da gamela cheia de cachaça seguido por procissão que o bebia.

A galera que entra agora já vem com o comportamento pronto para receber a gratificação não perde tempo nas portarias.

O quadro pintado por minhocas não é surreal.

A moça prefere pegar nas armas que nas bocas.


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