MaicknucleaR, por Marcelo Chagas *texto retirado do suplemento da Revista Critério, matéria sobre o site "O Pastrame" de MaicknucleaRMaickNuclear não faz literatura. MaickNuclear faz literatura. A ousadia de não fingir um lirismo sofisticado - para o mercado ver - traz para si todo desprezo que os eruditos de plantão podem sentir; traz consigo a possibilidade de uma emoção verdadeira. Encontrei Maick nos becos escuros da vida digital e me interessei por seus escritos. Não por um hermetismo de vanguarda, mas pelo seu oposto: pelo estranhamento de um cotidiano vazio de altos significados. A virtude desses escritos é o desmascaramento da falsa moral que ainda insistimos em carregar e defender. Não sentia esse mal estar desde minhas leituras precoces de Santo Agostinho e Émile Zola. Um mundo sem metáforas. Com solos cortantes de guitarras e pisando em cacos de vidro, assim percebo o mundo do Pastrame.
Órfão de uma herança literária, Maick encarna a verdadeira atitude artística: o ser. Sem medo de viver todo o lixo que destinaram a ele, ainda assim intui as margens da barbárie em valores. Valores placebo, numa sociedade que os preserva para que não atuem. Conhecê-lo pessoalmente confirmou as melhores percepções que tive a seu respeito. Pude finalmente encontrar um cara que também não tem medo do que poderia perder. Um cara que é inteligente demais para ser um simples criminoso, auto-consciente demais para se levar a sério. Irônico e distante. Um amigo com quem compartilharia um solo de Bitches Brew, Jimmy Hendrix Experience ou Pangea. Seus comentários são golpes de navalha, como uma espada samurai pós-moderna, afiada a sangue e sêmem.
Quem conhece arte sabe muito bem que Picasso, Pollock, Hemingway, Cioran, Miles Davis, Charlie Parker, Kerouack, Glauber, João Cabral, nunca foram daqueles que esperavam as notícias saírem nos jornais no outro dia. Divido com Maick a ansiedade de fazer do próximo nascer do sol, depois de uma longa noite escura, mais que uma ladainha esperançosa, mas a oportunidade de acertar um belo soco no narizes desses hipócritas beletristas e falsos guardiões dos bons costumes. Numa época em que o Estado e a burguesia se ocupam em abortar gênios, não seria de se esperar de jovens sem ilusões uma solução para os males que a sociedade se inflinge. Ao contrário, esses jovens, com raras excessões, aprendem rapidamente a serem algozes, ao invés de vítimas. Maick, nem salvador, nem algoz, percorre esses corredores sujos com a dignidade de um Dante em seu monza 82.
Um comentário:
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