quarta-feira, 13 de abril de 2011

Rasgando o manuscrito

O rumo das duas rodas é uma armação.

Te levam à câmara.

Furada.

Remendo.

Quente.

Frio.

É melhor deixar para remendar na beira do rio.

A bicicleta transporta o verde.

Propulsão silenciosa, movida por correia dentada, dente por dente.

A polia.

Vamos inventar um pneu sem furo?

O bom mesmo é remendar!

A revisão volta ao cândido.

Desafia todos os advogados a ver linha, em inglês.

Arrombei as portas da percepção.

Não faça barulho!

A casa não é do povo.

Vi dentro dos seus olhos de mar, a partida para o deserto.

Não perca seu tempo inflando o balão, mesmo com hélio, já foi feito.

Sem pele nem máscara, poderemos começar o diálogo!

Não é um banquete a minha proposta?

Esta caneta está rota, poderia bem encontrar a estrada de escrever, sinuoso mente quem não fez as curvas da vida...volta na mesma montanha que escalei, que exercício é este?

Começar descendo a ladeira com curvas sangrentas, bem sei, estrada torta.

Esta caneta azul pode me tirar daqui por segundos!

Rodopiando vou soltar a palavra bem devagar, empurrá-la da montanha...fia palavrinha, o cobertor deste neto mal criado!

Não cambaleia.

Leia no escuro.

Embale novamente!

Resto de fábrica.

O retro espectro caminha sobre a brasa, diz o som do couro de gato.

Isto me faz rir.

Os tantos passos até aqui, me percorreram. Leite Mococa, giz, o que fiz...

Vivi sob meu prisma, viverei entre os raios desta modesta roda!

No baile, arlequim, danço suave compasso...março, abril...a luz macia...talvez...amarela...

Troca a pena infantil, lá vem os homens galopantes, o seu rastro azul na nuvem branca, estrofes dançando ciranda.

Tropeço de homem, sopra bêbado, sem pena de cair em outra cabeça!

Rio abaixo a canoa canadense desce, nublando a infância, não fiz amizade com nenhum apache.

As imagens limpas ficam só na paginação!

A realidade de sol à pino é uma idade madura.

Cadência nos pensamentos de vagar!

Resumindo, respostas são nada. Soluções são sonhos: ilusões.

Você anda na rua e ouve um rock-recado falando com qualquer um, sendo qualquer coisa, mas dentro de você o individuo quer ser formado, grita por um mestre. A rua escorre bem e mal, te cobra corporativismo, de cara com a parede, cego por ideia não comprometida, você só é mais uma criança mal educada...

Destilo palavras no cobre velho, o zinabre deixa verde líquido, reflete suas vitrines de ouro e diamantes...pequenos pensamentos.

Relembrando, chamo o raul, dou bom dia ao branco, beijo o cavalo: meu deus é um caos. Retrato em contraluz, grades contra ladrões, um estado babilônico venta uma manhã de lixo.

Minha Diva pede muito um semelhante honesto nesta linha...

O carrinho de rolimã toca uma música chula, vermes criam uma cumplicidade. Continuo a marcha de encontro a fantasmas, dentro desta bolha translúcida.

Na grama esperando os ponteiros rolarem, duas horas passam uma seleção de derrota, vou para casa nanar!

Rotas são faces ocultas que saem do bico da minha águia, soltas no abismo, querem ar, ou pedras.

Expressões fotografadas, ida e volta, percurso escorrido sem escolha.

Códigos decifrados da língua morta, batem, querem entrar nas profundezas das minhas costas, a câmara na garupa, marca, arrasta o meu rastro...

O gato torto comeu o verbo do rato, a mulher do gato pulou a cerca.

Giro, a esfera desliza deixando o seu rastro azul.

Grito olhos diretos sem subterfugio: no silêncio do livro esconde todo o barulho interior, nem uma máquina poderá lhe conduzir a tal silêncio...no pardo caminho, na primavera da Europa, na minha cabeça, vou seguindo os velhos mestres, por osmose, ou farejando na escadaria, estreita estética, magnética...um dobrado, tango, uma orquestra, uma suave linha.

Onde fico nu?

Ensaio um futuro que perde o sentido, torna-se passado, bom seria a incerteza do mesmo.

Em 5 atos fiz o alcoólatra, você gostou. Farrapo humano, brinquei de ser & estar, você se divertiu. Representei o maratonista com vômito e diarreia, e você não sabia que era só Mishima. Trabalhei o tarado ao seu lado com todos os trejeitos, mulherengo, bisbilhoteiro, fanfarrão, guloso... você aplaudiu. Sei que seu teatro é pequeno, mal posso abrir os braços sem tocar nos quatro cantos, mas reconheça o monólogo!

Aguardo o próximo papel sem estardalhaço.

O que faço com as palavras?

Jogo ao vento?

De todos os olhares, restam poucos que não se comprometeram.

Vi tiziu, João de barro, derrubei canário cantador, curió. Pedradas certeiras da minha maneira: sem eira nem beira...caçador atrapalhado, peladeiro xingado, escritor de recado, tenho dúvidas quanto ao conhecimento acumulado, ou a técnica do vizinho...volto ao jardim da infância, cavo tudo até as raízes, e espero pelas unhas da Diva, antes do banho...

E a dança das confianças?

Só não querem dividir comigo

por ser mim índio sem cultura

tribo sem cacique e pajé

Querem extrair o meu diamante negro

E negar as ervas do meu rapé

Se trazem um pouco no embornal

Dividam comigo as despesas

Ou

Acabarão por se tornarem

Lalau

As broncas, as falações desnecessárias

Deixo na gramatica da sala

Faço música com ponta porosa

Esporos inalados junto com os carrapatos dos meus cães.

Com ele –finalmente- entrei num bosque, com muitos cachorros...a luz é parda, com cores opacas, sei que bem poderia ficar por aqui, com os meus cães...e esta luz parda...

Arrombei as portas de Rimbaud, e ele disse: entre, porque tanto barulho, você é um de nós...

Ficamos ali com o olhar no bosque, todos os cães que nos olhavam através do vão da porta...num silêncio de luz opaca...parda...como num sonho infantil.

Um comentário:

Cássio Amaral disse...

muito bom sensei.

braços.