terça-feira, 29 de abril de 2008
B, A: BÁ!
a empregada descia minha rua
triste e cabisbaixa
e me levou de volta
para minhas análises
de que globalização
veio para deixar o mundo
ainda mais infeliz
mais padrão a seguir
esta idéia de um modelo
de belo de feliz
que perseguimos
impostos por qualquer tipo de poder
mas mais fundo ainda
felicidade
esta palavra aliada do humor
do deleite
estar triste
ganhar
perder
e a ignorância
que nenhuma universidade
vai destruir
pois os doutores
trabalham com padrões fixos
de teses
hipóteses
seguimentos do perfeitamente aceito
e os loucos que um dia discordaram
e depois foram aceitos
tornando-se outro padrão
depois esquecidos
termos que repetir eternamente
sem saber o que é o eterno
mesmo a ficção de um Deus
enche o saco quando tornada cartilha
leituras como regras
amarras impedindo o vôo
se já não bastasse a lei da gravidade
a dualidade da noite do dia
repetição constante
ainda tenho que provar
que sei repetir
copiar o ditado
fazer a letra bonita
a rima perfeita rica
as figuras de linguagem
todas decoradas
as variantes de todas as aberturas
e se sou malabarista
alguém quer descobrir o truque
e repetir a finta
a negação
hipocrisia humana
tomar posse do ídolo
para tê-lo sobre controle
adestrado o cão
exibi-lo aos amigos no salão
para as madames dizerem
comprei
li
tenho
sei
sim sei a tabuada
o logaritmo
a poesia recitada
o amor no peito
a desgraça
feia magra gorda bonita maravilhosa
e o paradoxo de saber de tudo
e aceitar continuar fazendo
iludindo a vida
esperando a morte
o que terá acontecido com a empregada
não comprou seu celular
brigou com o namorado
foi maltratada pelo patrão
se sente fora do ninho
no condomínio fechado
teve um momento de reflexão
e todas as interrogações
sem chegar a um questionamento
todas as vidas
mesma vida
mesma morte.
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