KUZLLAH
ALAIN BISGODOFU
nomenunca
FICHA CATALOGRÁFICA
Catalogação na fonte
-Bisgodofu, Alain -1978
KUZLLAH
Índice para catálago
sitemático:
Poesia – Literatura
Brasileira
nomenunca@yahoo.com.br
.
1
de vez em quando ultrapassa na monotonia deste discurso
aquilo que quero
GRITAR
entre os enlouquecidos sapos do inconsciente prostituindo esta
rotina
eis o comercial a nuvem e a beleza
então caio de minha torre com os pés firmes no subsolo
ainda pouco tinha um mostruário de sangue todo infinito pra
te oferecer
entre outras coisas o corte a pausa fundamental para o corpo
despedaçando esta verdade que ficou pra trás/
no oriente dos relógios profanos/ com permissão de ser Deus
minha alma se entrega de bandeja/ pela eletricidade caótica
do maravilhoso
quem agora diz ficou fantástico
COMO ORAÇÃO A FAVOR DO ABSURDO
MÁGICA
RARA
BOTÂNICA
DO ALÉM
as madressilvas não correspondem
o caminho indica uma nova ignorância
no meio de ciprestes devo fugir das intenções do vento
fragmentar anti-romântico minha pressa
por que sou transformista sem revelar o nome
a identidade imperfeita é quase um gemido na frente do
espelho
balbuciando o de sempre
nos corredores intrínsecos
CONTAMINO
e vou me destrinchando no meio do sonho
no meio da terra
no
meio da chuva
estes olhos se multiplicam no infinito gozo dos lábios
depurando em oitenta páginas de palhaçada minha dor
para que os homens possam encontrar repouso
nos calcanhares da gula estou me revelando:
IDIOTA IDIOMA dentro
sigo entre automóveis e bestas
2
KUZLLAH: meu eclesiastes
minha alegria embolorada
meu tesão
meu tédio reclamando do mundo
entre
falos inacabados
nos sacrilégios do porvir
CHEGA TEMPESTADE DIVAGANDO PELAS ESQUINAS DO PLANETA
agindo como um anjo que quebrou suas asas e ficou atrás do
poste
pago com a boca esta maldição/ tratando o negócio no
labirinto artificial/
te prometo um paraíso onde não há planos
vou sujar com púrpura aquela hora/ deixar seu cadáver como
manda o princípio/
depois posso sair correndo/ fingir o Satanás do papai/
esperando o futuro na liquidação/ ou no leite de nossos filhos/ quase nunca
heróis de si
DE NOVO KUZLLAH FAZ MANDINGA DOA SEU AMOR
enquanto sigo na boemia o furacão (:)
era sexta não me lembro/ o quarto estava vazio (sem cartões
postais para o vício do leitor) KUZLLAH QUEBROU O ESPELHO fiquei ouvindo o
estrondo/ depois o choro
naquele instante palavras dentro de mim se derretiam
a mesma vontade de gritar foi sufocada pelo silêncio
assim instalou-se mais uma vez em nossa casa o tédio
na manhã do dia seguinte foi colorindo nossos olhos
uma espécie de violência camuflada tomou conta
KUZLLAH & TEMPESTADE FORAM PRA RUA
fiquei sozinho/
o indefinível atravessou meu crânio/ fez uma bagunça
ensandecida na memória
e profanou os lençóis gastos de masturbação ...................................................................
...........................................................................................................................
parto toda noite simulando excelência/ pernas de ninfeta/ a
xoxota custa 16 mil/ e tudo em mim é glorioso/ derramo poções mágicas em seu
leito/ e te dou a fantasia da longa vida comestível
depois você assina o cheque/ guarda meu telefone/ esperando dioniso
minha volta
shiva são meus olhos/ pedacinhos do intelecto das tarântulas
existir tem muita pressa
guardo na fome meu entusiasmo o sabor agre deste gozo
rejeitando os que só pensam em fórmula
FALOU KUZLLAH SEM PRECISAR DE VOZ
isso é segredo nos dividendos do sono
TEMPESTADE COLECIONA RUGAS INVISÍVEIS
já não posso anestesiar os distúrbios
GANHO A VIDA E ELA ME ENGANA
3
modificando o vício
EU CAFETÃO DE PUTA POBRE
reclamo na alma da palavra com os personagens lambuzados
O GOZO
primitivo
por uma tarde absoluta
poeta em desespero
meus pés continuam doentes arraigados na orquestra
esperando um turbilhão pouco de mim se descobria
por debaixo das telhas
num terreno descampado
no maremoto do sangue
era lá refúgio
SUA FALTA KUZLLAH AMANDO O TRIVIAL
COM SABEDORIA
VAI FICAR EM SEGREDO
sem consistência todo dia é noite em meu abismo
assim retorna o sacrifício (:)
oito bocas magistradas em orgia fazem malabarismos
alegóricos
ENGANANDO TEMPESTADE
no asfalto por prazer vocação e sexo
transformarei este bordel numa igreja
serei pastor de um passado tenebroso
fundador de uma confraria
19 horas de suicídio coletivo
troca-troca de casais travestis da ilusão
MINHA FOME TEM UM ÊXTASE DESBOCADO
4
... e se assanha quando faço da solidão um reino
deturpando a realidade
devo ficar inacabado pronto pra mais uma aventura
que não me
venha ditar o esquema
vou passear minhas mãos pelas cabeleiras do esquecimento
quebrando os copos
reclamando força
minhas pernas estão cansadas
meus olhos se perdem
são pernilongos do invisível que me trazem história
a novela surreal de toda existência
que a seu modo se dilata por resguardar os promíscuos
NA METRÓPOLE DE PARALÍTICOS RONCOS
cuspo entre os compradores da quotidiana pobreza
espero o sorteio
o rastro
leviano da transeunte terra
predestinado a crias
há unicórnios miseráveis que descascam minha pele
aguardando o sepultamento macabro da razão
para que descubram meu tesouro
é preciso carregar as pedras do abandono
uma cordilheira de desalentos infinitos
nada é tão palhaço que nem o rosto
5
fabrica saudade
borras de sangue no bambu
parangolés no peito do equilibrista
deram-lhe confiança
a chaga da disciplina imperfeita vem brincar com a palavra
repousando no cansaço já escrito
talvez engula o almoço
eu que vi a noite escorrer pelo ralo
entre os olhos nômades do anunciado
KUZLLAH SE ENTREGAVA
sua voz me exigia trabalho
fiquei em silêncio
nos portais da percepção
minhas vértebras
mágico por qualquer aurora
também ganhava as ruas
se iludindo com a cerveja e conversações longínquas
padeço
angústia
repetindo a malandragem
um batalhão de mendigos barrigudos procuram meu colo
NADA
DISSO
os desgraçados sabem que sou momentâneo
na santidade das gírias imaginei a noite
mãos de caricatura atentando a boneca
minha vergonha digeriu toda antropofagia
então foge pela vida corpo adolescente
troca os pés pela alma reza no esôfago
ninguém mais
te segura
faz macumba
cata-vento
nas fotografias
do sonho
fico do tamanho de
uma formiga
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goela baixo: maracutaia de todas as ninfas que na multidão
reaparecem querendo chicotear minha carne
aqui estou pronto experimentando tudo
a ilusão maldita dos cães com enjôo
movimentam a promessa o interesse dos bambas
com olhos estancados no porvir anuncio a profecia
na lascívia do monstro que enobreceu a fumaça genital das
inspirações lunares
desconstruindo o tempo
monto a cavalo no suor do sol o esperma não me sustentava
era o que escondia meu rosto afetuosamente encarnado na
matéria
peregrina pelo mundo os lambaris da dor
se tivesse força maltrataria o espírito
pois o barulho é Vênus
KUZLLAH NO TRÂNSITO
NESTE MAR DE AREIA CHORA
enxergando o êxtase nas searas da rotina
se apóia em mim o murmúrio das rabecas
súditos de uma prosa irracional
penso nos ventríloquos do mangue
A CRISE SOBREVEIO
PELO REALEJO DA ALMA
FIQUEI COMO UM SAPO HIPNOTIZADO & FAMINTO
trago aos bufões a masmorra
TEmPEsTADe QuE dO JaPÃO MAnDA CARtA:
não tem mais jeito
TYZÃ O ESCONDERIJO
TYZÃ O ENIGMA
TYZÃ A ÚLTIMA PALAVRA ESPERANDO DE
KUZLLAH NENHUM PONTO DE VISTA
7
desespero ecumênico profanando a liturgia
ordinários esqueletos delimitam o espaço
sei que a cabeça não flutua para além das caixas e do campo
ataco a rua subalterna da inspiração
que o poeta continue cego e não tenha glória
existindo pelos vácuos moribundos da vida
vou descansar meus pés
na espiral da covardia
UBUNAFÚ
tiroteio
mágico
TEMPESTADE TENTANDO PULAR O MURO
KUZLLAH E SUAS PÉROLAS DO ISOLAMENTO
meu peito continua apertado se contorcendo no marrom da
porta
todo dia é a mesma coisa
uma sensação inútil me invade
toma conta atormenta
comovido prefiro o silêncio no lugar do grito
a angústia camuflada a qualquer hora se inflama
O QUE ESCREVO NÃO TEM PLANO
ALI NO SOLUÇAR
DA FOME
acumulo em meus olhos toda existência que enxaguo
retalhando o prazer nos jardins do sono
escrevo híbrido
entre erros e arquétipos
inventava outra história (:)
não sou um pianista preso por pregos de cetim
tampouco bebo o bálsamo das beatas
no propósito de degustar a morte me devoro (:
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são de paisagens distantes que me lembro
relógios de ossos
iguanas que dormem ao sol
arremedos de alma
alvenaria sagrada arquitetando o tempo
visto de outro modo morrerei com sede
meus pensamentos se entorpeceram
fiquei confuso nas janelas do encanto
meus heróis são plumas lentidão de sonhos e lesmas
nesta clandestinidade digo que somos uma casta no véu do
esgoto
talvez seja repentino a mesmice do devaneio
leve como a canção que canto meu olhar inventou a luz
ESCURECE O CÉU
O SANGUE
A ESPUMA
penso invisível entre flores murchas o castigo
anestésicos da palavra
traço o
silêncio
MUNDO NADA MÁGICO SEU AR ME DEIXA AFOITO
na linguagem que não se aproxima
na angústia do orgulho
preciso desaprender que existo/ que sou caverna
NINGUÉM OUVIU MINHA PRECE
NO PESO DO
SIGNO
choro um mar de espelho
uma quantidade de infinito no vagabundo trânsito
não posso sair da casca
em ti encarno
ACHEI QUE PODERIA
SENTIR NOJO
NA TENTATIVA DE RESGATAR O VERBO
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KUZLLAH FAZ DE MIM UM BOVARY
néctar de uma realidade caótica muito além do corpo
eu que não ando frígido/ de pau duro pelo centro
vou diminuindo o passo
cumprimento árabe no bazar da índia
o espírito ficou sem rédeas gastando os olhos no turbante
tenho elétrons em meu tormento - a sepultura do cosmo
triturado
vem bendizer o sacerdócio destruir florestas
revelando o
martírio do microfilme
no busto da loira
sal de cona
EU E MINHA FÁBULA DESFILANDO PELA CIDADE UBUNAFÚ
deixo o ancestral de lado
meus pés enxergam vilarejos no vão deste batuque
posso até suprimir os cactos
melancolia iluminada
consertei o mais novo labirinto de brinquedos para o futuro
saibam que a poesia surtou na primavera
que hospitalizaram meus sapatos de metafísica
nada acho daquele palhaço bêbado de rua
feito um bandoleiro de esmeraldas
vou aspergir minha cruz
inventei a história das árvores que se comunicavam pelos
sumos
ontem vi parecia vulva
JÁ MEU COLO
NO CANCRO DAS VEZES UMA CICATRIZ ESCAVA
a maior virtude não é o medo
tampouco a coragem
a maior virtude (é)
ENTRETANTO VOU GRITAR EM MENOS :
babilônia da cabeça nos desertos do Saara
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o que sai de dentro chega a complementar este suplício
pedras na doença instantânea
só depois da chuva um arco-íris me açoita
meus olhos se petrificam
onde estou pássaro perseguindo pára-raios de uma cidade sem
cor
arquivo todo passado em minha têmpora
pois vigilância se transformou em martírio
o que fazer com esta angústia
se perder em que sítio
o melhor do EU está no poço
no atalho de uma estrada obscura
este corpo se lembra dos compradores impetuosos
feito um fariseu na forca um vaga-lume se concluiu em nuvens
repartindo pesadelos que me sonham
fui anunciado pelo anjo das sete trombetas de prata
morrerei como flor e o espírito de antigas jabuticabeiras me
socorrerá
REZA A LENDA:
inventário de voz
algo composto nas beiradas do brejo branco
apoiado por rãs intuitivas
houve gestos e sons nas partituras de minhas lágrimas
enquanto os espantalhos do cosmo muravam o mundo
reconheço o sujeito/ a sujeira na limpeza
NADA DE DELÍRIO
fabricarei instrumentos para uma outra língua
nunca mais estarei só nesta anatomia
enganei minha sede
vomitei o presépio de minha fome
e nem me dava ao trabalho de sair do túmulo
atualmente estou me distraindo
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na rua maravilhosa da alma cheia de becos
entorpecido com os alquimistas milenares caminho
EU KUZLLAH NADA SEI DOS COMPUTADORES PROFANOS
anuncio presságios na primavera
no espírito senegalês de uma formiga
com gula nos olhos e subúrbios na garganta
paralítico estou aos pés do eremita
MEU CORAÇÃO PEDE MAIS SONHO E FABRICA DOR NO SAL DA TERRA:
depois deste cumprimento chulo minhas mãos se confundem
abençoado por outros ventos
nossa senhora do soluço nesta prece sorri
lembro dos lençóis manchados pela pornografia
e completo agora alguns quilômetros retentores do ócio
apenas mais um século para morrer cantando
transformar em praga a retidão do que é rústico
assim descrevi neste surto meu sopro
a profundidade inútil da vida
me quer além dos alicerces
DES
MO
RO
NAN
DO
APLUMO URROS EM MINHA PROA
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coube a mim proclamar este grito
tal como um cavalo que na madrugada passeia
pela alameda do céu de nuvens foscas
preciso derrubar este muro
no silêncio desta procissão escrever minha história
atuando em trevas
tem gosto de língua a maravilha
caos na primogenitura do assombro
firmo meus pés incandescentes na poeira das horas
esperando estagnado entre os protozoários da propaganda a
real tristeza
no sonho invadia a casa
dentro do carro só uma cidade invisível
bêbado de poeta e sufocado de rua
perfurava a utopia
no oriente das promissórias de luz
a eternidade ficou oca
cheia de gemidos
OXALÁ REMELA DA ESSÊNCIA
ouço assovios longínquos
olhos dilatados de prata
nazareno trago pérolas e aproximações desumanas
de repente saliva minha voz
PROFETA GRAAL DO PÂNTANO
tinha rapsódias na loucura
a sabedoria sedentária nas palavras do vate
vem libar o veneno que escorre do sono
corretor do tédio te compro em partículas todo espaço
artificial do mesmo chão
seqüela no espelho minha boca
LIBIDINÁUSEA
misturando na matemática de meu nome o último verso
o lixo do túmulo era vermelho
fala com farrapos de fúria o que te trouxe imaculado de
exílio pra esta choupana
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sobra de sombra na pia
o esqueleto do barranco multiplicou o êxtase
com palavrões ensurdecedores encontrei o reino
maldita chegada
corri feito um cachorro
minha cabeça ficou em chamas
os espinhos de meu sexo se desabrocharam
personagens de uma perturbação prolífica
A IMAGINAÇÃO É A VOZ DO SONHO
na intensidade de outros signos
caracol enfeitiçado
é o que busco no temporal das asas
KUZLLAH
deixa de lado o movimento
nesta casa morou um homem que amava seus órgãos
o melhor é não ser solícito
abro a porta
estou me inventando
mistério
NEM EU MESMO SOU:
a raiva da ruiva de branco
a lágrima como desculpa
o esconderijo grande
cola sua mão em meus dedos
e manca logo
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todas as vias da vida transbordaram
sem nenhuma necessidade me avaliava o vento
há corações acelerados aludindo ostras da morte
me formei naquele crime
O QUE SERIA DE MIM SEM OS BUFÕES DA TERNURA
abóboras e caranguejos delinqüentes
vou reviver aquela fome e convidar as incertezas
duvidei de demônios no samba
fiz deste verbo uma vasta imensidão
alicates me castigam
agora estou inerte
O PRISIONEIRO DO SOL RASUROU MINHA TÚNICA
no lodo universal de toda anarquia
não quero que haja esperança
escrúpulos de ampulheta
pessoa que ri aborrecendo meu aborto
faltam tijolos em meu desespero
miro a ponta de meu nariz com os olhos
o desconhecido me faz ouvinte
nas bordas daquele
lago apazigüei as pulgas
vasto vendaval entorpecido nos estrumes da cegueira
PRÉDICAS PARA O XADREZ DE PASSISTAS VERMELHOS
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não acredito nos espinhos planetários da escritura
tampouco abomina o fôlego de meus versos o percevejo
vejo sombra
ontem era um deus o acaso superficial dos homens
garatuja neste solilóquio
pela liturgia posso suspender o coma
MENTIRA
as vestes ficaram borradas no apocalipse do verbo
ruminado seja o amargo da vida
a palavra derretendo este néctar
no monumento dos
olhos
no subúrbio da noite me vê aos trapos
PÁGINAS AROMÁTICAS DO ENCANTAMENTO MARAVILHOSO
corre minimalista do dedo
na verve do vento
na veia do vômito
ESTRAÇALHO CORES NO
ESQUIFE DA BOCA
de repente meu caminhar ficou mecânico
feito fábula na fundição mágica
reproduzo estandartes na rotina
tudo aqui é permitido
a tristeza egípcia do cavalo
talvez seja herói o horóscopo na gentileza das pernas
farei aliança com o tempo
gírias de saturno
a ti pertence a desgraça instrumental daquela música
novenas monstruosas/ pergaminhos nas dunas da garganta
poesia é noite/ cambalhota em cima do muro/ chocolate
derretido no bolso
assombração de confetes inevitáveis e ninfas nos degraus do
rosto
aventurando a ser o mesmo escrevo aberrações na terra
obcecado pela vaidade da espuma
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pula o olho com dor
na solidão rarefeita dos mesmos tigres envenenados
e deuses lascivos urinando atrás dos postes da memória
URUCUM NA TESTA
SORTILÉGIOS
LÁPIDE ESQUARTEJADA
orgulho perigoso desde o início
castigo é sanhaço lá fora
eletrificado em meu rim
dialetos duendes de uma nova língua
na desordem do lixo apanhei papiros mentirosos
TEMPESTADE TEM GONORRÉIA DE MÚMIA
EM UBUNAFÚ PERNILONGOS DORMEM
ESTIVADORES DE POEIRAS CÓSMICAS MISTURAM TUDO
pentateuco/ balde d’água/ machuca a pele da criança
uma lagartixa foi esmagada na parede
KUZLLAH PROMETIA MORTE
destino na fadiga dos órgãos
cantam os sonhos escarlates do brâmane
constipados demônios da infância tocam o tambor na
infelicidade do frio
como se não bastasse a visão me possuía
estendendo suas asas e voando na direção de minhas misérias
PROTESTO
por que posso repartir o coração
trabalhava sonâmbulo meu imaginário
de qualquer modo sustentei o ar do assassino
não reconhecia distância
VOLTO ESCRAVO INDIGENTE NESTA VIGÍLIA
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POESIA É A GUERRA DA LÓGICA IMPREVISÍVEL
PIXANGRE-OGUM-ERÊ
esmiuçando a tragédia nas arraias de KUZLLAH
engole o poema de olhos mestiços
camelôs de macunaíma se assanham
enquanto choro a solidão dos analfabetos
multiplicando o gozo para que nasça o êxtase
eu e minha vagabunda sombra
encarnado na tarde como no sonho
machuco a vida
pois ainda estou lutando
só o trânsito enfartando minha fala
na velocidade lúbrica da libélula
xamã dos quatro ventos
volúpia com cabeça de cavalo
ontem o sol da influência
mapeou retinas pluviais
por que odeio luz que não se irradia
ressuscitado de suruba na palavra cortante do poeta bóio
incendiando com pulmões de fogo o terreiro
equilíbrio cães de poeira
aconchego de antenas vermífugas
alucinação enrugada nos escombros da loucura
tambor batuca grito (:)
É O CAVALO QUE LOA
CAVAODALA
(!)
sei dos que falarão pelos poros
dos atrevidos escorpiões do esgoto
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com algumas mágoas despedaçadas
outras reaparecem no medo
uma coleção de livros e palavreados
corpos
suntuosos
africanos
murmúrios
sigo com todo meu cansaço desagradando
gostaria que nestas horas de preguiça estes versos não me
abandonassem
CONSÓRCIO DE MIM
MESMO
atravesso
jardins invisíveis
anjos adorando
o terreiro
talvez o tarô esteja enganado
ou então aquele índio morra de estranhamento
aguardo improvisos de um arco-íris na ponte
espectros cochichando em ouvidos mouros
nas
escadarias me desarticulo
esqueço de
acomodar o tempo
acabrunhado com tanta modernidade
acaricio quimeras do geógrafo-gafanhoto
pelos
limites que me castram
estúpido é o sentimento ditatorial de uma formiga
muito além da liberdade das flores
existem dentaduras de plástico para os marroquinos da música
por que
não me pergunto como
deixo de lado mais um filho na atemporalidade do gesto
(::
19
menstruando cicatriza minha alma
na eternidade da lágrima
sobe nos degraus do passado o martírio
presente profetiza pela obra abraçando o vazio
A RAPSÓDIA DO INVISÍVEL
estupra a história
corrimão do céu em pânico
cacos de mim se espalham pela superfície rudimentar da
existência
folhas reclamam fogo
KUZLLAH E SEUS AMORES NUNCA FOGEM DA MEMÓRIA
pesadelos se deslocam
vem chegando alianças
hosana neste colorido imundo
vou ficar ridículo vestido de preto
menosprezando os abades
eu que sou a inércia do rosto/ pedregulho no espaço
algo modificava tudo
minha imaginação transborda
no doce concreto da garganta
possuía traumas aquele desespero
seqüela das borboletas de lama
vomitarei rimas embriagadas de sons
o ritual sendo avacalhado
é tão raro a sutileza do capim que com pernas de pau vou
longe
cuspindo nas manhãs de barbitúrico
nem quero significar nada
sonho com molas e mulas/ bougainvilles na penumbra
nunca as mesmas deidades da palavra
totem ouça meu suplício (:) aventura dos relicários/ sabedoria
do oriente
posso abraçar as favelas da fala no quilombo de toda heresia
brinca com os dedos em minha boca
no solstício deste instante
nos arranha-céus da vida
o caos aproxima o devaneio/ nas toalhas de terra a última
ordem
UBUNAFÚ ENTRE OS TOUROS DA LUA
é o velório sem tempo
menino-mata-cobra-com-dois-dentes
turistas vão cair
minha quarta sorte é um feto que cafunga nonada
eu que desabrigo cores na penúria incandescente dos olhos
penso de improviso/ lembra
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sinto ódio de planta ao percorrer este precioso vazio
meus pés reagem de forma antagônica
TENHO QUE CONFIDENCIAR O RESTO
um poema sendo balbuciado no sono
disparates incolores na rua escura
chego perto mas volto
oprimido por realejos eletrônicos
O PERSONAGEM NO FUTURO DANÇA
MINHA SOLIDÃO JAMAIS CONCEDE AUTÓGRAFOS
o que escrevo vai sendo esculpido
pela cumplicidade parcial do sonho
estou desenhando o que não vejo (:)
um sabiá em dias de chuva
no boulevard sem amor
desobediente de minhas entranhas posso atear fogo
na metamorfose da carne
abraço crianças de lata e engulo amêndoas
sou toda a individualidade desta escritura
larry de lembranças babilônicas
a masturbação desmascarada no banheiro
EM KUZLLAH HÁ CLAVES DE RUNA
cegamente o que procuro me aprimora
darei mais volume a este silêncio
triturando palavras em meu ócio
o fantasma famigerado me quer tenso
com tesão pelos tresloucados de bronze
autos de pintura se perpetuam
tenho me desencarnado através de utensílios milenares
ontem foi a vez do banco do candelabro e da bandeja
hoje os atravessadores brincam
espreitando a esperança do abajour de castas
esfacelado por sussurros blasfêmicos de penitentes virtuosos
me sujo
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pássaro-trovão no clã do sapo debaixo da tenda se entorpecia
dedo no fogo acendendo o incenso da alma
colorido sísmico (:) tenho fome
depois inquieto fornicava o vento
excluindo o que vejo
ILUMINAÇÕES DE PEDRA
vou ficando imune como os desabrigados
TYZÃ ESCOLHE O
MARAVILHOSO
FAZ DA FATALIDADE UM REINO KUZLLAH
TAMBOR DO CORAÇÃO
VIRULENTO
PROGREDIA A FUMAÇA DE MEUS VERSOS
entre os maracás me embriago
na explosão do êxtase
no som encantado de minha voz
procura sua dor
pois o impossível se estabeleceu como prova
meio aos árabes monumentos da presunção
inútil ser entrega
pensamento estagnado como as águas do poço
de manhãs violetas
reclamam
na história das asas esta luz não tem balança
era defeito que sentia
houve ruídos gigantescos
substituindo o sono e outras carícias
o meu canto na expansão da volúpia
onde os xamãs se banham
reconstruiu o entusiasmo primitivo da língua
e auroras num só rosto
mergulhando nos declives da palavra
o pajé
no calor do sol no carvão da telha
de grito se inflama
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com pés
palestinos
ZÂMBI É O SONÍFERO DA VIDA
poderia transtornar a flauta
costurar a boca palpitante do demônio
CERTOS ESPÍRITOS SÃO VISIONÁRIOS
entretanto a revelação interveio fragmentando o passe
tive força alegria nas pálpebras da promessa
meu rigor se tornou aleatório
chegaremos lá quando for noite
DUVIDOSO
CÉU
é sobre reflexos que me pergunto
ó transparências de um ritmo esguio
espanto de
pequenas coisas
inventor
alucinado
borboletas de
zênite
não posso deter o relâmpago
é bem mais difícil do que se imagina
SÓ ABISMO PROSTITUI MINHA LÓGICA
recortando o ego do gesto
renego o que se tem como princípio
passado que vingou da cabeça
há muralhas e pirâmides que me sufocam
subterfúgios de uma existência vermelha
23
eis o dilúvio do sonho
corpo flutuante
na verve da
vertiginosa larva:
a lesma em distância se arrasta no lodo
então caminho na tragédia da imagem :
SEI CANTAROLAR HOSANAS NO AZUL DO SILÊNCIO
PLANTAR ARBUSTOS ARBITRÁRIOS NO CANSAÇO
depois desisto e ascendo
no desespero da lua que não soube ouvir
irei desaguar no sul superficial de meu âmago
no quintal onde dançam inútil
A RUA
RUGE
aperfeiçoando minha seiva
na terra do pensamento empírico
cabeça degolada senti medo
artesãos repartem a música
NUM SOPRO SOA FLUXO
O HERÓI SEM ROSTO
entretanto me afago como coisa longe de qualquer palavra
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manequins
deformados
num quarto escuro
o homem suspirando pela eternidade não se alcança
são potros que me afugentam
KUZLLAH
eu que não ponho rédeas em minha boca
fui cingido de verso
é fogo é volúpia
a fome da brisa circulando em minha têmpora
de braços abertos para o sol
sigo revoltado pelo repouso
encarnando nuvens na visão
sou o verdadeiro sonho nos líbanos da vigília
música árabe para ouvidos de pedra
onde o cristal atraiu a dor afugentei os deuses
e resguardo a infância maravilhosa no peito
esmiuçando entre os móbiles da palavra
o estrondo
vou subtraindo
IDILONTRA
por
um qualquer coice esta vida onírica
sibila nas arquibancadas de chuva
corações atordoados no banho
revolta eu mesmo faço
na profecia de ventríloquos imundos
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este reconhecimento vem bendizer o pranto
colorindo
o incompreensível
AMEI O PERFUME DAS ROSAS E ODIEI O GOSTO
melhor
desenhar o que não quero
por que só escrevo o movimento desordenado deste impulso
PERMITO ME PERDER NO SONHO
forte sussurrava
em plumas
mas o remédio não aplaca a esperança
já diz o que há
de arder
aprenda que
jasmins jazem
ATRATIVOS PARA OUTRA LÍNGUA
MÉTRICA VICIOSA DE HÚMUS NO MANGUE
meus derramamentos são ilegíveis
míope tateava
vestígios
túmulo da metamorfose constante
verso que de mim transcende
uma obstrução que oscila no ócio
toda existência só me trouxe isso (:)
despretensiosa magia ampara o olho
26
urra peregrino da sombra
por onde anda seu ego cheio de farpas
seu artesanato de luminosidades
nesta hora brinco com as nódoas do espaço
aspergindo sangue neste suplício
sei que estou podre
revirando sonhos ao avesso
posso tocar seus órgãos
possuir sua pele carcomida de revolta
pois tudo em ti é obra
cuspe mágico do taraumara
ó profeta da crueldade
forasteiro do espírito
inaugura em mim o disfarce
a liturgia dos parasitas cômicos
EU
o primitivo sol
o oráculo de toda
desventura
anuncio fantasmagórico
na virtuosidade do surto aquela voz
trago a lama da alma
no realejo penitente da vida o instinto
aprendeu sentir fome
ódio torrencial
teatralizo o tédio
esquizofrênico na trapaça
meu fôlego foi se perdendo no meio do joio
e agora desejo a fumaça dos dialetos
o perfume monstruoso do infinito
KUZLLAH
minha ignorância é personagem neste palco
por que posso acabar como outro
bêbado de horizonte
na explosão suicida de um novo começo ***
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bangalô que construo em seus olhos
queimando no sol por dinheiro
cara de cartografia acidente no trânsito
goza o ditado (:)
risada de jacu nas montanhas sem rumo
vou ruminando a vida flutuante do fôlego
fechamento de todas as portas
sei da juventude das flores
luminosa orgia
meus pés ficaram gastos nas grades do tempo
titubeando na terra entre paredes de espuma
meu desprezo não tem freio
amo delinqüência e sou como todas as forcas
mandala do capeta
híbrido candelabro
cabaça do deus cicuta
algemas espalhadas pelo corpo
preciso deixar com que os olhos gritem
queimar os porquês da alma
nada inflamou-me oco
como as víboras do porvir
hoje sou tão hóspede
nas correntezas do real delírio
eros sem músculo atrás da moita
faxineiro da solidão sem barriga
reclama de mim os pederastas
que eu possa me alimentar de fome
na fadiga imaculada do cérebro
visto a liberdade virgem do cavalo
risco de silêncio o inexprimível
arcanjo caveira
no buraco do sapo )))
quentes pregos do sono
realidade outra (((
há um vendaval de vozes sufocadas em meu peito
lava bunda n’água fria
bate no cachorro
enquanto escrevo chorando
espasmo andrógino do corvo
portal dos ossos
convidando as tulipas do destino
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contém porra mediterrânea este pensamento barrigudos da high
(:)
jejum de jagunço na jangada
jaguatirica com cachimbo no ânus
letárgico liquidificador da memória
outrora subjetivo estou cheirando a vida
mon ange
prova em sua boca meu gosto
pois estou deitado esperando a guerra
o construtor depois o tédio
há ferragens nos subúrbios da inspiração maldita
o mistério se alongando em minha testa
orquestrado na anatomia do sexo
bandido-criança com braços de céu ridículo
no paraíso das visões
SOU KUZLLAH
o esotérico cupim de
rabo
fantasma ti-tiu da
prosa
nunca vou pegar peso
cairão sobre mim as vigas
juro que vi deus copulando no sonho
agüento qualquer terremoto
sem reservas me embriago
na fatalidade das sombras imortais
vesti poderosos espelhos
pela castidade das prostitutas
piorou a palavra
e o leão segue me devorando ciumento
argila nas nuvens da alma
posso sentir o escuro percorrendo o cascalho de minha
garganta
lobotomia de solo lânguido
não me peça que responda
estátua capiau combina
eletrochoque em meus beijos
monopólio do mesmo barro
completei minhas alucinações na favela mais cosmopolita do
universo
ESTRELA D’ALVA
margaridas do ópio paralisante
sei da imperfeição do agora
inconsciência sagrada apagando do cérebro
escocesas divindades no redemoinho dos dedos
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casa ao acaso este testemunho
produzindo sonhos no desassossego
bizarra contemplação
eis o falso falo fadado ao fracasso
prédicas e outras mazelas
o poema procurando palavras perecíveis
esquio produto daquele ócio
mandingas e sinagogas
foi-se o sono do vento
no suicídio das quimeras reconheço a chaga
repolho abóbora e cancela
o calor que vem da rua (:)
cigarro acesso
feriado cômico
inútil andar em círculo
vivo em estado de transe
eletrônica fadiga
assim é meu tédio na carroça do imaginário ombro
pés que traduzem esta amargura
briga de cachorro mama de leite e galo
saio da cor do sol
moribundo no desenho
disfarçando minha pressa
CUSPO NAS MÃOS ATÉ FICAR TONTO
heliogábalo imperador da anarquia
baco das vísceras
brinca com meu sexo estuprando paranóico a vertigem
tenho assumido a gula no lugar da lembrança
quem robou meu sereno
desperdiçou meu sangue
eternamente grato
prisioneiro do vazio
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nem vou perder poesia
por que posso num só braço sustentar o mundo
planto com os olhos
regado pela imaginação do devaneio
deveria mas não sei suportar o coice
a dor primordial de todo desequilíbrio
na pernoite do pão
pareço máquina
solidão exu do espírito
pois vontade não é desejo
sacrilégio do gozo ínfimo
culpa meus erros até a morte
faraônicos templos in verso construo
neste acabamento não há portas
foge o céu me olhando
a poeira apagando a matéria
minha risada não tem conserto
espadachim da carne que ficou trêmula
entrei no labirinto mágico
embasbacado de sombra
CHEGA
TEMPESTADE
TENTAÇÃO TÃO TOSCA
IMPROVÁVEL NA ESPERA
TUDO
ANTES DO PISO ERA CHÃO
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a morte de olhos negros carregando tijolos na chuva trouxe o
desespero irreal das coisas
nem sequer tive força
o que vem de delfos golpeava minha loucura
com o rosto cansado era só refugo
a madeira daquele peito derramou concreto em meu sono
lá fiquei triste
porém sigo aos trancos
me desentendendo com andróginos de areia
DEVO GUARDAR COMO SE FOSSE PEDRA MEU SOFRIMENTO
o tambor que definha os grãos da história
reconduz solitário a garganta de ouro
trampolim de voz vazando
hidráulica fúria
suicídio no penhasco
ódio do nojo que reclama
abatido pela vida
tudo aqui vive morto
pescador que chora
canto a solidão virulenta do espaço
estas veias romãs da queda
quanto a mim vou esquecer o caminho
imprevisível serei só ausência
arcanjo de chapéu preto
moloch nas cloacas da manhã
É KUZLLAH O ATALHO MAIS VAGABUNDO
A ILUMINAÇÃO
DECORATIVA
difícil ser poeta no esgoto da lógica que nunca se vê
volúpia
dinastia ultrapassada
por que esparramo safiras
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CATACLISMA AO RELENTO
ABANDONO TERRA NA VALA
POSSO OUVIR HISTÓRIA
ESCULPIR COM A PLACENTA DA PÁ OUTRA IMAGEM
IMITANDO OS
MURMÚRIOS DO SOL
DESCOBRI A
DOR DO METEORO
FOI VIVÊNCIA QUE AGITOU MINHA VOZ
DE REPENTE SOU TÃO ABSURDO
VOU SURRUPIAR OS ESTÁGIOS DA ALMA
COMO INDIGENTE NÃO DOU CERTO
NA RAPSÓDIA DO TAMBOR
IMPREGNAVA O BARULHO
DENTRO
DO CÉU
O DEVANEIO PERFUMOU MEUS SONHOS
ÓDIO BRAÇAL POR TODAS AS COISAS
EGO CU
DE FRANGO
JÁ O PEDREIRO DA FLORESTA FOGE
ENCENANDO
TREJEITOS
MEU INFORTÚNIO PRECISA DE MAIS FOME
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por um promíscuo instante posso inventariar outros lagares
SEM SABER ENGOLI
TODO UNIVERSO
e agora arroto este ódio tão surdo dos que atrapalham meu
devaneio
eis que
ascende em mim o corpo
para
que nunca entenda a vida
vejo unicórnios na lua
língua de fogo
siameses no gelo
pena não ser templo
calafrio entre os trombones da vertiginosa visão
ademais piso em andaimes misteriosos
desejando confuso toda beleza
meu estandarte é como a cerimônia dos esquilos longínquos
a paixão pajé do muro
peregrina decodificando as escadarias do infinito
NESTA PROCISSÃO SOU QUASE UMA LENDA
almoxarifado onde guardo os tesouros incompreensíveis
encarnado em nódoas
neste apocalipse repreendo a raça
no jornal moribundo de minha imaginação
reina o agora
em sombra de jurubeba/ canto os dialetos da esbórnia
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pela escritura quis ouvir a música e transmutar os berros
vício
que estrago
quer na impossibilidade encontrar terreno
na masmorra do vazio/ andarilho sou
mendigo
de palavra
prece
do rosto
deus
de arame
é o que se tem dentro
desventura com cara de profecia
véu do vento
fálico
ríspido
rosário
curandeiro da
luz
zumbi é meu repouso
minha garatuja só vertigem
o poema batizou o abandono
nos aquedutos do sonho se perdeu
ao mesmo tempo sinto
filódios de néon
disparate em praça pública
ATÉ PREFIRO
(((
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paranóia do palhaço
aguardente pelos olhos
chicoteando o princípio
robôs desfilam nas quimeras do clã
quase não tenho sangue
em minhas veias corre um mar de vento
nos abismos alucinados do coração este orgasmo
mãos de aracnídeo sua boca é como um salmo
magia no disfarce do demônio
satirizei a
terra
sem o amor das bicicletas de fogo
apodreço
enquanto nasce a lua obliterava os sentidos
impossível não abraçar meus pés
vida no lirismo de sodoma
sigo sonhando com as imperfeições do verbo
batalhão de nuvens
valentia por toda obra
que se arrebentem de cansaço
PODE A PEDRA SER MAIS VIL QUE O METEORO
em meus ombros carrego noite
colorindo os favos da fala
esqueci nos tronos de açúcar
o ritmo visceral das trevas
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pé de fogo minha ninfa
no balé da cabeça
vejo (::
portão aberto/ assombração na rua/ antiquário da idade de
deus
impulsos caóticos na terraplanagem da revolta
quis inventar panfletos/ ilusão turbulenta
rouxinol do corpo
paisagem que se aflora/ no palanque do riso absoluto
cresci libertando libélulas
rabiscando o fracasso de pintores imperfeitos
seja eu o ditirambo desta vergonha
carroça-carniça/ atleta-macumba
um paraíso de fúrias escorregou no sonho
nas
galerias do crânio
muito além ...
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cansei de poeta subversivo só na palavra
lampejo afrodisíaco de centauros afeminados
que aracnídeos arranhem meu casco
rompendo o hímen do sonho
nódoas na infecção dos parangolés
desejo
(::
prejuízo na lápide do silêncio/
luz pelo ódio espantalho/
pirotecnia das lesmas/ osso de gim/
lágrimas de lã/
imobilizando a rotina
abençoai minha fuga vertiginosa fome
fôlego na orquestra do exílio
preciso explorar o vento leproso da memória
o desmiolado entulho da loucura
que a palavra se prostitua em êxtase
no equador das linhas com tigelas de mirra
colorindo o espaço andrógino da seiva
fiz sacrilégio pela existência etílica
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entranhas sujas de terra/ apologia do palhaço anarquista
eu inválido desperto o sentimento mórbido da rua
enquanto brota uma estrela no olho do rinoceronte
deixo meu estábulo como formiga/ feito rascunho amarrotado
espalho quilos de confusão no corpo
estilhaços na alquimia das leguminosas barrocas
adorando o escuro/ nos alfarrábios de mim
martirizei o sol
nos pergaminhos da pele
cicatriz tatuada na pança
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vim de calamidades e falcões impregnados no peito
bêbado nas tavernas frias da aurora
volto repetitivo queimando o rosto no gozo do jaguar que se
esconde
destrinchando pesadelos nas alamedas daqui/ eu
plágio/ palavra desigual
anseio empanturrar de fome a lua
lapidando a vergonha de nossa reza
resisto no exílio feito criança
que seja este verso fuga
vazio que fala alto/ nas apunhaladas do ócio
voz de parkinson/ devaneio deturpando a lógica
léxica do ventila-dor de espuma
no lugar de pratos e talheres de feno
aciono potências fantasmagóricas do êxtase
um turbilhão de metáforas virulentas na violência me
encharca
saio grilo/ gafanhoto/ cavaleiro no silêncio das açucenas
outrora outra resistência mais concreta afligiu a garganta
nos trapézios orgia/ o mesmo porco/ no coração olhos de
abutre
duvidai ó vento
defumando minha prece/ deturpando minha fome
com garras de meteoro na língua
afogo minhas asas no sangue
sal de fruta eu sei
detestando o trono/ tropeço na vastidão do vate que farreia
cães no vilarejo da boca
trago deus em meu ânus/ utopia ultrapassando o túmulo
sou templo de imagens mambembes/ poluição ridícula
peixe esperando no aquário a esmola de seus lábios
desarrumo e sujo estas salamandras
versejando vertigens verborrágicas do pensamento maravilhoso
cuspo meu sexo no arpoador
e nas dunas demoníacas deito
dioniso me acorda/ me afugenta/ me ama
mantendo no apartheid do musgo
esta mandinga/ esta mixórdia ancestral que pulsa
no cachimbo da tosca pajelança
vou degustar o seio/ saravá dos pântanos oníricos
***
KUZLLAH
Um comentário:
peço?que retire este livros meu aí do seu blogger lhe enviei pra vc ler nao para posta lo
obrigado Alain Mohammad Bisgodofú
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