Ainda é tempo de pitanga
ontem elas me salvaram
na corrida
A prosa tá boa?
em frente do anexo-IV da câmara dos deputados tem um pé
no tempo chupo em média dez por dia
As pessoas passam enxergando outros plásticos outras cores outros volumes outras formas outros perfumes outras texturas outros frutos outras mercadorias
É bom papo?
As pi tangas estavam na casa da tia Dica
do lado de fora
subíamos no muro
pelo lado de dentro
era mais fácil
nenhuma concorrência
já me disseram
os que gostam de volumes
que não perdem tempo com isso
Você gosta de pitanga?
A minha irmã tem acerola em casa
este ano o pé ficou carregado
até ganhei uma boa bacia
mas prefiro pitangas
no parque da cidade tem um pé do lado esquerdo de quem vai rumo ao cemitério na ponte suspensa
chupo lá sempre que ficam próximas ao guarda mão
durante a corrida
ou no pedal com prego de fome
Isto é um conto?
As pitangueiras de Rio das Ostras
remotas imagens do meu controle
brincando com o Paulo apenas e
todos os mariscos
toda areia
levando marmitas de andares
pela praia deixando o mar lamber
sol descalço
calção de brim branco
e não me lembro do azul
apenas o laranja vermelho
espera através do verde translúcido
verde-pitanga
Quer esgarçar a fimose?
perguntando porque o si ri morria amassado em baixo dos pneus dos carros
década de sessenta
restaurante à beira mar
rindo das ostras
com medo de ouriço-do-mar
andando de bicicleta com as duas rodinhas paralelas à traseira
e ainda precisando da ajuda do irmão
empurrar para vencer o quintal de areia
Quer que eu te conte mais?
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